Pesquisadores do Projeto Microbioma Infantil presenteiam kit de avaliação de saúde de crianças para a UBS do Guamá
A equipe de pediatria da UFPA, que realiza atividades de ensino e serviços na Unidade Municipal de Saúde do Guamá, tinha um sonho natalino de conseguir novos equipamentos para a avaliação de saúde das crianças atendidas naquela unidade pública.
Ao
saber da demanda, os pesquisadores do Projeto "Formação
do Microbioma Intestinal Infantil: uma investigação biocultural", uma
parceria entre o PPGA e o PPGSAS da UFPA, o Departamento de Antropologia da
Ohio State University e a Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade
de São Paulo, que trabalham em parceria com a UMS desde 2020, recrutando
mães e bebês para participarem do estudo, se solidarizaram com esta importante
causa e solicitaram alocação especial de recursos para a aquisição de um kit.
Após
a aquisição de um conjunto completo de equipamentos pelo coordenador do LEBIOS, membros
da equipe do projeto microbioma se dirigiram à Unidade de Saúde no dia 21
de dezembro para entregar o material à Dra. Kátia, professora das equipes de
pediatria que atuam na Unidade. Segundo a Professora, o material foi o primeiro
a ser recebido e causou grande júbilo na sua equipe, que agora terá condições
muito melhores de prestar atendimento às crianças e ensinar aos
estudantes os procedimentos corretos de pediatria.
Participaram
da entrega dos equipamentos em nome do projeto microbioma (resumo abaixo), o
Prof. Hilton, pela coordenação geral do projeto, as novas coordenadoras de
campo Roseane e Clayciane, e as pesquisadoras Priscila e Valéria. Com esta
doação, o projeto também contribui diretamente para melhorar a prática diária
de atendimentos na Unidade, com a saúde da população de Belém e aproxima as
instituições, reforçando os laços entre ensino, pesquisa e extensão na
UFPA.
Formação do Microbioma Intestinal Infantil: uma investigação biocultural
Coordenação
Profa. Dra. Barbara Piperata, Departamento de Antropologia, Ohio State University, EUA
Prof. Dr. Christian Hoffmann, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo
Prof. Dr. Hilton Pereira da Silva, PPGA e PPGSAS,
Universidade Federal do Pará
Prof. Dr. Pedro José Tótora da Glória, PPGA,
Universidade Federal do Pará
Resumo
Este projeto de
pesquisa utiliza o conceito de nicho de desenvolvimento, formado pela fusão de
modelos culturais (crenças e normas) de desenvolvimento infantil e o contexto
sociológico da família, para entender a sucessão da comunidade microbiana do
intestino infantil durante os primeiros dois anos de vida. Sabemos que a
composição do microbioma intestinal humano é estabelecida no início da vida,
varia entre as populações humanas e está associada à uma série de implicações
de saúde, incluindo risco de obesidade, resistência a insulina e
desenvolvimento de alergias. Investigações recentes sugerem que o contato com a
microbiota no ambiente externo, no nascimento e no período pós-natal,
desempenha o papel mais significativo na formação da sucessão da comunidade
microbiana do intestino infantil. Resultados presentes na literatura até o
momento, conduzidos em grande parte entre bebês que vivem em ambientes ricos,
de alta estruturação, apontam para a mãe, via modo de parto e alimentação, como
os fatores ambientais dominantes que moldam a sucessão do microbioma intestinal
infantil. A extensão em que isso é válido entre os bebês que vivem em cenários
de baixo poder aquisitivo, em uma ampla gama de contextos ecológicos, permanece
pouco explorada. Nesses cenários, bebês são expostos rotineiramente a uma ampla
variedade de fontes microbianas, incluindo vários cuidadores, animais que
compartilham espaços humanos, fontes de água não tratadas e patógenos que
circulam no seu ambiente. Para entender a variação no microbioma intestinal,
são necessários dados longitudinais de populações humanas que vivem em um vasto
leque de contextos. O estudo
proposto enfoca como a variação no nicho de desenvolvimento influencia a
sucessão da comunidade microbiana do intestino infantil, com ênfase especial no
papel da exposição a patógenos e na dieta. Para fazer isso, acompanharemos dois
grupos, díades mães-bebês, brasileiros que vivem em alto nível socioeconômico
(NSE) e em famílias com baixo nível socioeconômico durante os primeiros 2 anos
de vida. Temos quatro objetivos: (1) Nicho de desenvolvimento: descrever o
nicho de desenvolvimento. Quantificar e explorar o significado das rotinas
diárias de cuidados infantis em famílias com menor e maior NSE. (2) Exposição a
patógenos: quantificar os níveis de patógenos nas famílias e calcular a
exposição a patógenos infantis nos primeiros 24 meses de vida. (3) Comunidade
microbiana intestinal: medir a sucessão de comunidades microbianas intestinais
dos bebês durante os primeiros 24 meses de vida e examinar como as variações na
exposição a patógenos e na dieta, ambas moldadas por rotinas de cuidados
baseadas na cultura, explicam as mudanças observadas. (4) Saúde infantil:
explorar a relação entre as rotinas de cuidado infantil e os resultados de
saúde (por exemplo, crescimento, marcos do desenvolvimento, maturidade do
microbioma). As informações geradas pelo projeto, além de ampliar os
conhecimentos bioantropológicos sobre processos evolutivos do microbioma
infantil, também poderão subsidiar políticas públicas de saúde voltadas para as
crianças.
Palavras-chave:
desenvolvimento infantil, status socioeconômico, exposição entérica a
patógenos, dieta, microbioma intestinal
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