Pesquisadoras do PPGA e do LEBIOS Participam de Novo Artigo do Projeto Microbioma Infantil na Amazônia

 

Ana Brito-Azevedo, co-autora do artigo.

Foi recentemente publicado no importante periódico American Journal of Human Biology (Volume 37, Número 5, maio 2025) o artigo “Biocultural Determinants of Mothers' Complementary Feeding Decisions in the Urban Brazilian Amazon” (Determinantes Bioculturais das Decisões de Alimentação Complementar de Mães na Amazônia Urbana Brasileira), de autoria de B.A. Piperata, S.F. Fannin, T. Cestonaro, A.C. Brito-Azevedo, V. de Cássia Tavares da Silva, J. Mendonça Freire Pereira e R. Bittencourt Tavares Oliveira. O artigo conta com autoras do Departamento de Antropologia da Ohio State University (EUA), do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da Universidade de São Paulo, do PPGA/UFPA e do LEBIOS e é mais um dos produtos do projeto “Formação do Microbioma Intestinal Infantil: uma investigação biocultural”, que foi proposto pela Profa. Dra. Bárbara Piperata, financiado pela National Science Foundation dos EUA, e conduzido em parceria entre a OSU, a USP e a UFPA na Região Metropolitana de Belém, entre 2020 e 2024 (https://bioantropologiaufpa.blogspot.com/2023/03/o-projeto-formacao-do-microbioma.html) (https://bioantropologiaufpa.blogspot.com/2023/06/projeto-microbioma-infantil-em.html).

Frontpage do artigo. Fonte: Wiley Online Library.

Dentre as autoras, Ana Brito-Azevedo fez o mestrado e é atualmente Doutoranda em Bioantropologia no PPGA sob orientação do Prof. Dr. Pedro da Glória, com co-orientação da Profa. Dra. Barbara Piperata, e trabalhou no projeto desde o início. As pesquisadoras Jaqueline Mendoça Freire Pereira e Valeria de Cassia Tavares da Silva tiveram intensa participação na coleta de dados em Belém. Roseane Bittencourt Tavares Oliveira é pesquisadora do LEBIOS desde a graduação em biologia na UFPA, tendo completado o Mestrado em Saúde, Ambiente e Sociedade na Amazônia na mesma instituição, sob a orientação do Prof. Dr. Hilton P. Silva. Ela foi Coordenadora de Campo do Projeto Microbioma, tem contribuído em vários projetos do LEBIOS ao longo da última década e é co-autora em diversas publicações do Laboratório.

O artigo faz uma contribuição importante para a compreensão do processo de tomada de decisão, escolhas e mudanças alimentares nos primeiros meses de vida a partir da investigação utilizando multi-métodos com as mães acompanhadas pelo Projeto Microbioma em Belém. Este é um estudo pioneiro explorando a introdução de alimentação complementar nesta faixa etária no norte do Brasil e comparando com as recomendações da Organização Mundial da Saúde.

Os dados apresentados representam mais uma contribuição do LEBIOS, que acolheu o projeto na UFPA, e das pesquisas feitas em parceria com instituições e investigadores nacionais e internacionais para a compreensão da diversidade socio-biocultural das populações da Amazônia, com potencial de informar políticas públicas mais adequadas para a região.

Parabéns às autoras por mais esta importante contribuição científica.

RESUMO

Objetivo: A alimentação complementar (AC) ocorre durante um período crítico do crescimento e desenvolvimento infantil, com implicações para a saúde ao longo da vida. Apesar dos esforços internacionais, ainda há uma variação significativa na adequação das dietas complementares entre os contextos. No Brasil, há uma variação acentuada na adesão às diretrizes de AC e nos resultados do crescimento infantil, com a região Norte (Amazônia) atrasada em relação às demais regiões do país. Este estudo teve como objetivo caracterizar a alimentação complementar e desenvolver um modelo para explicar as decisões alimentares na cidade de Belém, na Amazônia.

Métodos: Com uma amostra de n=30 mães, combinamos recordatórios alimentares de 24 horas, uma atividade de classificação de pilhas e entrevistas em profundidade para abordar os objetivos do estudo. Utilizando estatística descritiva, analisamos os dados da classificação de pilhas para caracterizar a evolução da alimentação complementar. Em seguida, utilizando a análise temática das transcrições das entrevistas, identificamos os fatores mais relevantes que moldam as decisões alimentares das mães.

Resultados: Embora tenha havido variação nas opiniões quanto ao momento da introdução de líquidos além do leite materno e alimentos ultraprocessados de conveniência, encontramos alto consenso quanto à dieta complementar ideal que, a partir dos 6 meses, atendeu às diretrizes de diversidade alimentar da OMS e evoluiu com a idade do bebê. Três temas — integração e aplicação de fontes confiáveis de aconselhamento, prontidão e saúde futura do bebê e desafios aos ideais de alimentação — ilustram como as características socioeconômicas, culturais e biocomportamentais do bebê interagem para moldar a AC.

Conclusão: Os esforços para melhorar a alimentação infantil devem ir além da identificação de fatores individuais e buscar modelos bioculturais que considerem como os contextos político-econômicos e locais interagem para influenciar os sistemas etnomédicos, as dinâmicas socioculturais familiares, incluindo renda, gênero e responsabilidades baseadas na idade, e as relações de poder que moldam os comportamentos alimentares.

 

O artigo completo está disponível gratuitamente em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ajhb.70068?af=R

 

Boa leitura.

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