O Projeto “Formação do Microbioma Intestinal Infantil: uma investigação biocultural” está a todo vapor em 2023!
Sabemos que os primeiros dois anos da vida de uma criança são fundamentais para o seu desenvolvimento adequado. A saúde do intestino, que se desenvolve durante esses dois anos, é importante para o crescimento e desenvolvimento psicomotor do bebê, bem como para sua saúde no futuro. O objetivo do projeto Microbioma Intestinal Infantil: uma investigação biocultural, iniciado na UFPA em 2020, é entender quais são os fatores biossociais e ambientais que influenciam a saúde do intestino dos bebês (https://u.osu.edu/brazil/). Estudos semelhantes estão sendo conduzidos em diversos lugares do mundo, uma vez que cada região tem suas próprias condições bioculturais.
Coordenado pela Profª Dra. Barbara Piperata, da Universidade Estadual de Ohio (OSU), Estados Unidos, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), representada pelo Prof. Christian Hoffmann, e a Universidade Federal do Pará, representada pelos professores Hilton P. Silva (PPGA e PPGSAS/UFPA, Coordenador do LEBIOS), Pedro Da Glória (PPGA/UFPA) e Luciano Montag (ICB/UFPA), o projeto, inédito no Pará, em seu 3º ano, conta com a participação de 138 mulheres (mães) e seus respectivos bebês, residentes em diversos bairros de Belém do Pará.
As mães foram convidadas a participar do projeto nas Unidades de Saúde parceiras: Unidade Municipal de Saúde do Guamá e Terra Firme (http://bioantropologiaufpa.blogspot.com/2021/12/pesquisadores-do-projeto-microbioma.html); Centro de Saúde Escola do Marco; Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, Unidade de Referência Especializada Materno Infantil e Adolescente (UREMIA), Maternidade Saúde da Criança, Academia da Gestante e do Bebê; e CLIMEP (Clínica de Medicina Preventiva do Pará). Por vezes, foi realizada a busca ativa e em outros momentos os próprios profissionais desses estabelecimentos apresentavam o projeto as mães e gestantes.
Ao aceitar participar do projeto, as mães passam por uma triagem, onde é verificado se estão dentro dos critérios de inclusão na pesquisa. Logo após, é realizada a primeira visita (1ª rodada), que acontece quando o bebê tem entre 21 e 39 dias de vida. Nesse primeiro momento, são realizadas entrevistas sobre a demografia e a economia da casa, é aplicada a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) e a Escala de Experiências de Insegurança da Água nas Famílias (HWISE). Além dessas, são aplicados os módulos sobre Saúde Materno-Infantil e sobre COVID-19, visto que o projeto foi iniciado um pouco antes da pandemia. Todos esses dados são coletados e gerenciados na plataforma REDCap (Research Eletronic Data Capture), que é uma sofisticada ferramenta de pesquisa, com acesso restrito, visando a proteção de todos os dados das participantes.
Em cada visita são realizadas também as coletas de amostras biológicas (saliva do bebê, leite materno, amostra do ambiente, água da residência e fezes), as quais são aliquotadas em laboratório local e posteriormente enviadas para a USP e para a OSU para diversas análises biológicas.
Também são realizadas medidas antropométricas da mãe e do bebê (figura 1), e por este motivo periodicamente a equipe tem sido treinada pelo Profº. Elton V. Sousa, da UFPA de Castanhal (figura 2).
As rodadas (visitas) posteriores acontecem nas
seguintes etapas: 2ª rodada (entre 3 e 4 meses de vida), 3ª rodada (entre 9 e
10 meses de vida), 4ª rodada (entre 14 e 15 meses de vida), 5ª rodada (19 e 20
meses de vida) e a 6ª e última rodada (24 meses de vida, ou seja, dois anos
completos).
Por ser um projeto longitudinal, com dois anos de duração, infelizmente algumas mães desistem de participar no meio do caminho, por diversos motivos. Porém, mesmo com as dificuldades que a maternidade traz, muitas das mães, já encerraram com sucesso sua participação no projeto, ao completaram o ciclo de visitas. Somos muito gratos a todas as mães e famílias que contribuíram com a ciência através de sua disponibilidade em receber a equipe, que tem sido cuidadosamente recrutada e treinada e é sempre composta majoritariamente de pesquisadoras.
Atualmente, o projeto conta com 6 pesquisadoras de campo, sendo quatro bolsistas DTI (Desenvolvimento Tecnológico e Industrial), uma bolsista de doutorado (CAPES) e uma estudantes voluntária (figura 3). Em breve outros estudantes do PPGA e do PPGSAS se juntarão para colaborar com o grupo. Além disso, há um doutorando da OSU em continuidade aos intercâmbios no LEBIOS, levantando informações para sua tese (http://bioantropologiaufpa.blogspot.com/2022/06/lebios-recebe-pesquisadores.html) e uma doutoranda da USP apoiando as pesquisas.
Apesar das grandes dificuldades vivenciadas tanto pelas mães participantes quanto pelas pesquisadoras, principalmente por causa da COVID-19, que deixou muitas famílias fragilizadas, e também pelos desafios de realizar pesquisa bioantropológica na Amazônia, os objetivos do projeto têm sido cumpridos. Duas dissertações já foram defendidas e diversos trabalhos resultantes do projeto foram apresentados em congressos nacionais e internacionais
(http://bioantropologiaufpa.blogspot.com/2022/03/ocorreu-ontem-28-demarco-de-forma.html e http://bioantropologiaufpa.blogspot.com/2022/11/o-16-congresso-latino-americano.html).
A pesquisa avança este ano, trazendo respostas sobre as características específicas da formação do microbioma intestinal em nossa região, que irão se somar a informações pesquisadas em todo o mundo, para ampliar a compreensão sobre o tema e trazer mais bem estar para as mães e bebês no futuro. As atividades do projeto podem ser acompanhadas pelo Instagram em:
https://instagram.com/projetomicrobioma?igshid=MjljNjAzYmU=
Por: Ms. Roseane Oliveira - Coordenadora de Campo do Projeto Microbioma
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