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Mostrando postagens de junho, 2021

Ossos do ofício e olhares de uma bioantropóloga

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                            Acervo SABMN/Lebios Fui contratada para ler esqueletos e descobrir suas histórias... Há exatos 30 anos, em 4 de setembro de 1990, foi aberta a Vala Clandestina do Cemitério de Perus, na Zona Noroeste da capital paulista, evidência de que durante a ditadura o local serviu para enterrar desconhecidos e vítimas do Esquadrão da Morte, além de desaparecidos políticos. Como bioantropóloga, participei do Grupo de Trabalho Perus, criado com o objetivo de identificar desaparecidos políticos que pudessem estar entre os cerca de 1500 esqueletos humanos que foram exumados nessa ocasião. Escavar, registrar a história, limpar cada remanescente ósseo são etapas importantes que caminham na contramão da política de apagamento e contribuem para a construção de uma memória coletiva sobre nossa ditadura, num exemplo prático do conhecido bordão “recordar para não repetir”. Aqui cabe uma explicação breve sobre a bioantropologia, também chamada antropologia bio

Coordenador do LEBIOS Participa de Webinário no canal Pensar Africanamente

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Comunidades Quilombolas, Os Desafios em Tempos de COVID-19 Um dos grandes desafios para a saúde da população negra no Brasil tem sido a dificuldade de acesso aos serviços de saúde em geral e à vacinação em particular. Este grupo, que já apresenta historicamente piores indicadores de saúde, tem tido menos acesso a vacinas que o restante da população. Em particular, as populações quilombolas têm sido desproporcionalmente afetadas pela pandemia, uma vez que os mais idosos são os principais depositários dos conhecimentos tradicionais e da história das comunidades e muitos morreram por conta da Covid-19. O webinário contará com a participação da Ms. Vercilene F. Dias, quilombola de Kalunga, advogada assessora da CONAQ e líder do grupo jurídico que apresentou a Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 742 ao Supremo Tribunal Federal (STF), e o Prof. Dr. Hilton P. Silva, coordenador do LEBIOS e representante da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) no Grup

Aula Aberta sobre Saúde da População Quilombola e Vacinação na Pandemia

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No sábado, dia 19 de junho, das 10h às 11:30h, o Centro Acadêmico de Fisioterapia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP promoveu um aulão aberto com o tema “Covid-19 e Disparidades Étnicas no Brasil” para discutir os impactos das iniquidade raciais no contexto da pandemia de Covid-19 e as implicações no acesso à saúde e à vacinação nos grupos tradicionais. Os palestrantes convidados foram o coordenador do LEBIOS, Prof. Dr. Hilton P. Silva, que fez uma exposição sobre o acesso à saúde e a vacinação em comunidades tradicionais com foco nos grupos quilombolas, e a Profa. Drª Andrea Ferreira, que abordou a questão do racismo estrutural e institucional e suas consequências na pandemia.    📌 Para se inscrever, bastou preencher o forms:  https://forms.gle/NJKYTdgcHwXrndpv8   📌 Houve emissão de certificados! A aula pôde ser acessada em :  https://meet.google.com/sgu-chfp-hbj Convidamos todos e todas a participar desse evento interinstitucional! 🐍⚡

O que as produções científicas publicadas em periódicos podem nos dizer sobre a temática da evolução humana na Educação Básica Brasileira?

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  Desenvolvida no início de 2020 como um projeto de Iniciação Científica do LEBIOS, a pesquisa O (Não)Lugar da Evolução Humana na Educação Básica Brasileira: Uma revisão sistemática da literatura científica, buscou analisar as produções publicadas entre 2015 e 2019 que estabeleciam enfoque na Evolução Humana, pensando a realidade da Educação Básica Brasileira. O estudo reuniu levantamentos bibliográficos, informações relacionadas a formação dos autores e análise temática realizada nas produções.   Os resultados representam a prevalência de pesquisadores das áreas educacionais, principalmente aplicadas a área de Ciências, também expõem uma tendência dos estudos a se voltarem para a abordagem da Evolução Humana no Ensino Médio. Em relação ao foco temático dos estudos, estes se centram em processos de ensino, experimentação de materiais e compartilhamento de experiências. O resultado do projeto foi apresentado em formato de pôster na 32ª Reunião Brasileira de Antropologia, integrada

Evolução Humana e Medicina Darwiniana

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  Como parte da programação do Ciclo de Seminários do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biologia da Universidade de São Paulo (IBUSP), também conhecida como BIO5738, a convite do professor Michel Naslavsky, foi realizada no dia 17/05 a palestra sobre Medicina Darwiniana, ministrada pelo Prof. Dr. Hilton P. Silva, coordenador do LEBIOS. Os seminários são parte integral da formação dos pós-graduandos do IB e  normalmente são acompanhados pela comunidade de pós-doutorandos e docentes. Estes eventos também são abertos ao público em geral, servindo como importante veículo de divulgação científica da universidade. A Medicina Darwiniana, também chamada de Medicina Evolutiva ou Evolucionária, é uma abordagem do campo da saúde que busca incorporar elementos da teoria evolutiva para a compreensão dos processos de saúde e doença nos seres humanos. Desta forma às explicações causais somam-se as explicações evolutivas, demonstrando as vantagens da complementariedade de

Edição Especial do American Journal of Physical Anthropology (AJPA) Discute Variação Biológica e as Ideias Sobre Raça e Racismo no Século XXI

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                                   Quadro A Redenção de Can, Modesto Brocos, 1895. Um dos periódicos mais importantes do mundo no campo da bioantropologia apresenta no seu número especial de junho ( Special Issue: Race reconciled II: Interpreting and communicating biological variation and race in 2021, Volume 175, Issue 2, June 2021) um debate fundamental na modernidade: a interpretação e comunicação sobre variabilidade biológica e questões raciais na contemporaneidade. O volume 175, editado pela Dra. Connie J. Mulligan, do Departamento de Antropologia da Universidade da Flórida, e a Dra. Jennifer A. Raff, do Departamento de Antropologia da Universidade do Kansas, dá continuidade a um debate iniciado em 2009, com o volume 139, quando foi discutida a questão de como as diversas perspectivas no campo da Antropologia Biológica estudam e compreendem a variação biológica humana e os meios para comunicar o significado e as implicações da nossa variabilidade para a adaptação bio