Lucy Faz Cinquenta Anos

Selo comemorativo em homenagem aos 50 anos da descoberta de Lucy.

No dia 24 de novembro de 1974, o jovem professor de paleoantropologia Donald Johanson, então na Case Western University, USA, aos 31 anos, caminhava em um dos muitos sítios arqueológicos da região de Afar, na Etiópia, juntamente com o estudante Tom Gray, quando se deparou com um pedaço de osso no solo ao longe. A descoberta daquele dia mobilizou toda a equipe de campo e, após uma cuidadosa escavação e limpeza, que durou cerca de duas semanas, aproximadamente 40% do esqueleto pode ser identificado (47 fragmentos no total).

Réplica do esqueleto de Lucy no acervo da USP. Foto: cortesia A. Strauss

Tratava-se de uma fêmea de primata, nosso ancestral de 4,3 milhões de anos, o mais antigo encontrado até então, que mais tarde receberia o nome de Australopithecus afarensis, codificado como AL 288-1 no Museu Nacional da Etiópia, onde está guardada em um cofre especial, mas que ficou conhecida pelo famosíssimo apelido de "Lucy", pois a música homônima dos Beatles tocava no acampamento na noite de sua descoberta.

"Estrela da fama" de Lucy, no congresso da Human Biology Association de 2024. Foto: acervo LEBIOS.
O achado revolucionou o que se sabia até então sobre evolução humana, informando através da análise do esqueleto que a postura ereta e o andar bípede já eram marcas registradas do nosso grupo, os hominínios. 

Etapas da reconstrução facial de Lucy. Fonte: Blog Cícero Moraes.
Atualmente, novos trabalhos motivados por descobertas como a de Lucy também têm contribuído para ampliar os conhecimentos sobre a possível aparência física de nossos ancestrais. Cícero Moraes, integrante do LEBIOS, é um destes exemplos, sendo o primeiro brasileiro a realizar a aproximação facial de Lucy utilizando técnicas de modelagem aplicadas à reconstrução facial forense (https://www.ciceromoraes.com.br/blog/?p=792#:~:text=O%20Australopithecus%20afarensis%20foi%20um,2%20milh%C3%B5es%20de%20anos%20atr%C3%A1s.&text=Seu%20comportamento%20b%C3%ADpede%20e%20sua,no%20estudo%20da%20evolu%C3%A7%C3%A3o%20humana).

Prof. Hilton Silva com Don Johanson e M. Henneberg, Abril 2019.
A "dama" pré-histórica, de pouco mais de um metro de altura, é o fóssil mais conhecido do mundo. Há meio século, ela desperta vocações para os campos da bioantropologia e da paleoantropologia e, juntamente com seu descobridor, merece hoje a nossa homenagem.

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