Sítio Escola do Engenho Murutucu - Escavação 2015
Prof. Diogo Costa (de verde) nas ruínas da capela do Engenho Murutucu com os alunos da UFPA/Julho de 2015. Foto: Ariana Silva |
Sítio Escola do Engenho Murutucu
O Prof. Diogo Costa, Coordenador do do Sítio Escola do Engenho
Murutucu, situado na Estrada da Ceasa, Belém, está organizando uma escavação em
Julho de 2015, junto com alunos de Graduação e Pós-Graduação de diversos cursos
da Universidade Federal do Pará, a fim de explorar o espaço do antigo engenho
que havia no local, datado do início do século XVII. Segundo o site do sitio: "No período de 13/07 a 31/07 de 2015, o projeto Sítio-Escola
Engenho do Murutucu: Uma Arqueologia dos Subalternos do Programa de
Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal do Pará - PPGA/UFPA
realizará uma escavação no sítio histórico Engenho do Murutucu, coordenada pelo
Prof. Dr. Diogo M. Costa", sendo que a escavação em questão tem como
proposta o resgate da história do referido engenho, que foi um dos produtores
de açúcar e cachaça nos anos de 1700. A matéria abaixo retrata melhor o
contexto do sítio:
Engenho
do Murutucu em 1890, fotografado por Felipe Augusto Fidanza.
Fonte: http://goo.gl/E84hbB
|
O ENGENHO DO MURUTUCU: UM PATRIMÔNIO HISTÓRICO DE BELÉM
Luciana Cristina de Oliveira Azulai
Museologia/Universidade Federal do Pará
O Engenho do Murutucu foi um dos mais prósperos engenhos de açúcar surgido no século XVII na região Amazônica. A palavra murutucu é uma corruptela do canto da ave coruja, “murtucu”. A informação escrita mais antiga que se conhece sobre o Engenho do Murutucu data de 1711, quando foi construída a primeira capela pelos padres carmelitas, porém, análises recentes do material encontrado na escavação de 2014 apontam que o sítio possa datar de até 1610. Documentos históricos afirmam que o Engenho foi fundado por João Manuel Rodrigues, localizando-se em terras pertencentes à sua esposa Maria Rodrigues Martins. Em 1780, quem passa a administrá-lo é o herdeiro João Antônio Rodrigues Martins, de forma similar à dos grandes proprietários de terra da região Nordeste do País.
Em 1766 o Engenho do Murutucu tornou-se propriedade do arquiteto italiano Antônio José Landi, referência histórica e arquitetônica da cidade de Belém e também em âmbito internacional. Ele foi o responsável pela construção do Palácio do Governo do Estado do Pará, Igrejas do Carmo, Mercês, Santana e Rosário. Landi foi responsável também pela restauração da Capela de Nossa Senhora da Conceição já existente, dando-a elementos do neoclassicismo.
No ano de 1835 o Engenho Murutucu esteve relacionado ao Movimento da Cabanagem (1835-1840), quando o local temporariamente foi utilizado como um acampamento das tropas de revoltosos liderados por Vinagre , Angelim e Gavião, que eram os comandantes da revolução. Em 14 de agosto de 1835, a partir de uma caminhada no terreno do engenho do murutucu, iniciou-se a segunda invasão de Belém pelas forças cabanas. No decorrer dos acontecimentos cabanos o engenho provavelmente estava abandonado, sendo por esse motivo requisitado pelo cabano João Antônio Sete para servir de moradia para seus familiares.
Em 1841, o engenho foi comprado por Henrique Antônio Strauss, e constam entre os bens na escritura de venda: uma casa de vivenda, uma casa de engenho, uma senzala, uma roda d’água, moendas de ferro, balança e pertences da capela. O engenho entrou em ruína em 1850, deixando de exercer função.
O Engenho do Murutucu tornou-se monumento histórico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional- IPHAN em 08 de outubro de 1981. Atualmente, é propriedade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA. O Sítio também passou por pesquisas arqueológicas, sendo realizadas três sequências de escavações nas áreas da capela e da casa grande nos anos de 1986, 1996-1997 e 2000. O material coletado nessas escavações encontra-se no Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), no laboratório de análises da área de Arqueologia Histórica. Dentre esse material, encontram-se: louças (faianças simples, faiança fina, grés e porcelana); vidros (de garrafas principalmente); metal (de construção, de armaria); e cerâmicas (vasilhas, vasos).
A partir deste breve histórico, destaca-se o Projeto Sítio-Escola Engenho do Murutucu:
UmaArqueologia dos Subalternos coordenado pelo Prof. Dr. Diogo M. Costa
do Programa de Pós-Graduação em Antropologia, do Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas, da Universidade Federal do Pará – PPGA/IFCH/UFPA, apoiado pelo Grupo de Arqueologia Histórica Amazônida -
GAHiA e contando com a participação de uma equipe
interdisciplinar, dentre bolsistas (graduandos em Museologia e História),
voluntários, mestrandos e doutorandos do PPGA/UFPA. Dentre as suas atividades,
o projeto realizou uma nova escavação no sítio, desta vez na área
correspondente à senzala, em julho de 2014, à qual pretende dar sequência em
julho de 2015. O intuito do projeto é não só de pesquisa arqueológica, mas
também de divulgação do que vem a ser a Arqueologia e o trabalho do arqueólogo,
mostrando a importância do Patrimônio que é o Engenho do Murutucu.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZULAI, Luciana Cristina de Oliveira. Arqueologia e Museologia: Pensando os Processos Museológicos do Sítio Histórico do Engenho do Murutucu. Relatório de Bolsa FAPESPA - UFPa, 2014.
COSTA, Diogo M. Arqueologia dos Subalternos no Engenho do Murutucu. Projeto de Pesquisa PROPESP- UFPA, 2013.
CRUZ, E. As Ruínas do Engenho do Murutucu: uma bela paisagem da nossa história colonial. Artigo escrito para o jornal “A Província do Pará”, publicado em 15 de fevereiro de 1948. Arquivo da EMBRAPA.
MARQUES, F.L.T. (2004). Modelo da Agroindústria Canavieira Colonial no Estuário Amazônico: Estudo Arqueológico de Engenhos dos Séculos XVIII e XIX. PUCRS, Porto Alegre.
MELLO JUNIOR, D. (1973). Antonio José Landi - Arquiteto de Belém. Belém: Governo do Estado do Pará.
MELO, M.d.S.e. (2007). Geofísica Aplicada à Arqueologia: Investigação no Sítio Histórico Engenho Murutucu, em Belém, Pará. UFPA, Belém.
MOREIRA, N.S.L. (2010). Cidadania e gestão de preservação do patrimônio histórico público sociocultural: o caso do engenho do murutucu em Belém do Pará. Unama, Belém.
RUÍNAS DO MURUTUCU. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária- EMBRAPA, tópico úmido- CPATU, 1988.
WATRIN, Orlando dos Santos & HOMMA, Alfredo Kingo Oyama. Evolução do Uso da terra do Engenho Murutucu: história, geografia e ecologia. Belém, PA: Embrapa Amazônia Oriental, 2007.
Matéria no site:
A escavação continua até o dia 31/07 e qualquer
pessoa pode ter acesso ao sítio com visitações programadas, a fim de conhecer o
passado da história da Amazônia e assim valorizar o nosso patrimônio histórico.
Contato no e-mail: sitioescolamurutucu@gmail.com
Fotos da atual escavação:
Equipe medindo as quadrículas
Preparando a escavação
As quadrículas escavadas a 2 cm com cerâmicas
do telhado do antigo Engenho de Açúcar do Murutucu aflorando
Prof, Diogo e a equipe reunidos para o almoço após a escavação
Fotos de Ariana Silva
Organização:
Bom dia, gostaria de informações sobre as visitas às ruínas.
ResponderExcluirObrigada