LEBIOS Participa de Novas Publicações com Grupos de Pesquisa do Pará Sobre Saúde e Políticas Públicas em Populações Vulnerabilizadas da Amazônia


O artigo “Epidemiological Scenario of American Trypanosomiasis and Its Socioeconomic and Environmental Relations, Pará, Eastern Brazilian Amazon”, que tem como autores Claudia do Socorro Carvalho Miranda, Bruna Costa de Souza, Tainara Carvalho Garcia Miranda Filgueiras, João Simão de Melo Neto, Amanda Sophia Carvalho Miranda da Silva, Hilton Pereira da Silva, Marcos Valério Santos da Silva, Frederico Itã Mateus Carvalho Oliveira Miranda, Edilene do Socorro Nascimento Falcão Sarges, Sérgio Luiz Althoff, Selma Kazumi da Trindade Noguchi e Nelson Veiga Gonçalves, foi publicado no importante periódico internacional Tropical Medicine and Infectious Disease (2025, 10(4), 88).

Resumo:

A Doença de Chagas é um grave problema de saúde pública em todo o mundo. No Brasil, o estado do Pará apresenta o maior número de casos notificados. Este artigo analisa a distribuição espacial dessa doença e sua relação com variáveis socioeconômicas, ambientais e de políticas públicas de saúde em três mesorregiões do estado do Pará, no período de 2013 a 2022. Este estudo ecológico utilizou dados secundários obtidos de órgãos oficiais brasileiros. A análise espacial foi realizada por meio das técnicas de Índice de Moran Global, kernel e bivariada expressas em mapas temáticos. Um total de 3.664 casos da doença foram confirmados, sendo o maior número notificado no nordeste do Pará. Observou-se um padrão sazonal da doença, um perfil epidemiológico semelhante a outras doenças na região amazônica e a dependência espacial entre a prevalência da doença e os indicadores socioeconômicos. O movimento mais intenso de pacientes para tratamento foi para a mesorregião metropolitana de Belém, que possui a maioria dos serviços e profissionais de saúde. A doença apresentou um padrão não homogêneo de casos em termos de distribuição espacial, com relação direta entre as áreas com maior número de casos e aquelas com aglomerados humanos. As origens socioambientais da doença transcendem as fronteiras das mesorregiões e decorrem do modelo de desenvolvimento historicamente insustentável na Amazônia.

O artigo completo de acesso aberto está disponível em: https://www.mdpi.com/2414-6366/10/4/88

Mais recentemente foi publicado o artigo “Socioecology and Prevalence of SARS- CoV- 2 Infection in Quilombolas Living in the Brazilian Amazon”, que tem como autores Keise Adrielle Santos Pereira, Lilian Natalia Ferreira de Lima, Bruno José Sarmento Botelho, Carlos Neandro Cordeiro Lima, Wiliane Freire Pinheiro, Victor Martins Eleres, Wandrey Roberto dos Santos Brito, Bernardo Cintra dos Santos, Aline Cecy Rocha de Lima, Felipe Teixeira Lopes, Isabella Nogueira Abreu, Maria Karoliny da Silva Torres, Sandra Souza Lima, Jacqueline Cortinhas Monteiro, Andrea Nazaré Monteiro Rangel da Silva, João Farias Guerreiro, Izaura Maria Vieira Cayres Vallinoto, Hilton Pereira da Silva, Antônio Carlos Rosário Vallinoto e Rosimar Neris Martins Feitosa, foi publicado no American Journal of Human Biology (2025; 37:e70055), o principal periódico no campo da Bioantropologia no mundo.

Resumo:

Este estudo transversal apresenta aspectos socioecológicos, epidemiológicos e a soroprevalência de imunoglobulinas G (IgG) contra o Coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2 (SARS- CoV- 2) em um grupo de comunidades quilombolas nos estados do Pará e Tocantins, na Amazônia Brasileira, para avaliar o impacto do SARS-CoV-2 nesses grupos. Um total de 551 indivíduos participou do estudo. A detecção de anticorpos anti-SARS-CoV-2 foi realizada utilizando um ensaio imunoenzimático. Dados socioeconômicos e ecológicos foram coletados de todos os participantes de 7 anos ou mais de idade que não haviam sido previamente vacinados. A soroprevalência de anticorpos em ambos os estados foi de 40,7% e essa prevalência foi associada a fatores como a faixa etária, contato com indivíduos infectados e ficar em lockdown nos quilombos. No Pará, foi observada associação estatisticamente significante da soroprevalência com o sexo feminino e a faixa etária de 12 a 18 anos. Além disso, a soroprevalência no Pará foi maior que no Tocantins e o uso relatado de máscara foi um fator de proteção, enquanto em Tocantins, o uso relatado de máscara foi associado à presença de anticorpos. Não houve associação entre a prevalência de anticorpos e a presença de sintomas de COVID- 19 no Pará. Porém, em Tocantins, a diarreia e a perda de paladar foram consideradas fatores de risco para a infecção. Quilombolas são grupos altamente vulnerabilizados devido à longa história de escravidão no Brasil. Esta é a primeira investigação de seroprevalência para SARS-CoV-2 e seu impacto nesses grupos na Amazônia. O estudo ajuda a compreender os impactos das diferenças ecológicas, características comportamentais e dinâmicas de transmissão viral associadas ao risco de infecção por SARS-CoV-2 entre grupos tradicionais, e será útil no planejamento de políticas públicas de saúde mais culturalmente adequadas para epidemias futuras.

O artigo completo de acesso aberto está disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ajhb.70055?af=R

Ao realizar publicações de acesso aberto e gratuito em parceria com diversos laboratórios e instituições nacionais, o LEBIOS continua a contribuir para ampliar a disseminação dos conhecimentos sobre as realidades de saúde de grupos vulnerabilizados na Amazônia, bem como para a análise e proposição de políticas públicas que venham a melhorar a atuação do SUS e a qualidade de vida das populações da região.

Boa leitura.

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