LEBIOS se Solidariza com as Famílias de Bruno Pereira e Don Phillips
Ali, no
nosso quintal, no lugar mais lindo do mundo, no qual estive e de onde tenho
saudades pelos amigos que fiz nos postos da Funai e do IBAMA, o Estado
abandonou os cidadãos, a natureza e a vida. A Amazônia defendida em discurso
raivoso contra o jornalista Don, foi entregue aos grileiros, garimpeiros,
traficantes e toda sorte de corruptores, que se mesclam facilmente, com as bênçãos
do governo, "em nome de Jesuis". Não conheci o Bruno, ele estava
sempre "no mato", fazendo o que amava, como um intensivista, lutando
por cada respiração de seu paciente, só que no caso dele estes eram os milhares
de indígenas que vivem isolados na "nossa" floresta. Sua esposa, antropóloga, minha colega de trabalho e seus dois filhos, de 2 e 3 anos, não merecem ser torturados pelo resto da vida, por mais essa tragédia que o Estado brasileiro foi incapaz de evitar.
Toda morte evitável deveria indignar a tod@s. Quer a
morte seja em uma UTI, resultado de parto mal feito, ou a mando de alguém,
bandido ou polícia, no morro do Rio de Janeiro, no sul do Pará, ou no vale do
Amazonas, deve nos causar profunda repulsa e, como dizia Ulisses Guimarães:
ódio e nojo. E mais coragem para lutar por uma sociedade mais justa, solidária
e igualitária, onde ninguém, não importa que posto, patente
ou quanto dinheiro tenha, poderá tirar uma vida impunemente.
Hilton P. Silva
Coordenador do
LEBIOS
Nota de Apoio e
Solidariedade à Professora Beatriz Matos e à Família de Dom Phillips
O Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA), da Universidade Federal do Pará, vem a público manifestar sua solidariedade à antropóloga Beatriz Matos, docente do PPGA, companheira do indigenista Bruno Pereira assassinado, juntamente com o jornalista inglês Don Philips, enquanto combatia de forma incansável a violência contra os povos indígenas do Vale do Javari.
As mortes de Bruno Pereira e Don Philips se somam a outras mortes menos visibilizadas, nem por isso menos dolorosas; e todas têm a marca da estratégia cruel e violenta com a qual o governo brasileiro vem lidando com os povos da floresta e com aqueles que ativamente lutam por seus direitos.
Como pessoas cidadãs e pesquisadoras e, particularmente, como pessoas companheiras de trabalho de Beatriz Matos, reiteramos a nossa indignação, o nosso repúdio, a nossa profunda tristeza com o desfecho dessas duas semanas de angústia e revolta acompanhadas com perplexidade pelo mundo todo.
Nossa solidariedade aos familiares de Bruno Pereira e Don Philips, aos povos indígenas do Vale do Javari, a todos os povos que vivem e lutam pela existência da floresta amazônica. Esperamos que essas mortes sejam elucidadas e que a crueldade contra esses povos, contra as pessoas e organizações engajadas nessas lutas causem indignação a todos os brasileiros. O Brasil não suporta mais tanta violência.
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