LEBIOS e PPGA Participam do Congresso da Associação Portuguesa de Antropologia
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Pôster do IX Congresso da APA. Fonte: site do evento. |
No período de 14 a 18
de julho de 2025 se realiza na cidade de Viana do Castelo, em Portugal, o IX
Congresso da Associação Portuguesa de Antropologia – APA (https://apa2025.eventqualia.net/pt/inicio/). Este ano o congresso tem como
tema Itinerâncias e “pretende congregar as dinâmicas da disciplina
nas suas várias vertentes, os fluxos das sociedades que nos envolvem e seus
múltiplos desafios cognitivos, políticos e éticos, e as propostas analíticas de
superação do quadro antropocêntrico tradicional”.
A APA (https://apantropologia.org/) é a Associação que representa a antropologia e os antropólogos/as falantes de português ou que trabalham em Portugal. Os seus Congressos representam o principal ponto de encontro, não só entre a Associação e os seus sócios, mas também e sobretudo da comunidade antropológica portuguesa e internacional, configurando-se como um centro fundamental de debates no campo das Ciências Sociais da lusofonia.
Este ano pesquisadores do LEBIOS e da Bioantropologia do PPGA participam do congresso de forma inédita com a apresentação de dois trabalhos (https://apa2025.eventqualia.net/pt/inicio/programa/paineis/). No dia 14/7 foi apresentado no Painel 008 intitulado “Un Manifiesto de Antropología Climática en Itinerancia”, o trabalho Populações Locais, Áreas Protegidas, Racismo Ambiental e Condicionantes Epidemiológicos em Tempos de Mudanças Climáticas Globais, de autoria do Prof. Dr. Hilton P. Silva (resumo abaixo).
A proteção ambiental está na ordem do dia, com intensas movimentações nacionais e internacionais para a criação de Áreas Protegidas (APs) nos biomas criticamente ameaçados, como a Amazônia e a Mata Atlântica no Brasil. Entretanto, ainda há debates sobre qual o papel das populações tradicionais na proteção ambiental. São conhecidos diversos aspectos da flora e fauna dos biomas, porém, ainda há poucos estudos sobre as condições de vida e saúde de grupos rurais que vivem nas APs. Nos biomas Mata Atlântica e Amazônia, considerados hotspots de diversidade biológica, investigações bioantropológicas sobre populações residentes no entorno de áreas de proteção integral e dentro de áreas de uso sustentável, bem como em territórios quilombolas, utilizando levantamentos demográficos, econômicos, sócio-ecológicos e epidemiológicos identificaram elevados índices de doenças crônicas e infecciosas, acidentes por animais peçonhentos, intoxicações por pesticidas, ausência de saneamento ambiental, dificuldade de acesso aos serviços de saúde, conflitos territoriais e racismo ambiental. Nesses biomas brasileiros e nos diferentes tipos de APs, a situação sócio-ecológica e epidemiológica das populações é precária. Não será possível garantir a preservação do ambiente natural, fundamental para a sustentabilidade global, sem considerar a qualidade de vida e o direito à saúde das pessoas que neles habitam.
Já no dia 16/7 foi apresentado no Painel 001 intitulado “Antropologia Biológica nas Fronteiras Científica, Geográfica, Temporal e Disciplinar (e além)”, o trabalho Past and Future Perspectives of Biological Anthropology in Brazil, de autoria dos docentes da Bioantropologia do PPGA, Profs. Drs. Hilton P. Silva, Gabriela de Paula Arrifano e Helbert Medeiros Prado (vide resumo traduzido abaixo). Este painel foi coordenado pela Profa. Dra. Claudia Minervina Souza Cunha, da UFPI, que fez o convite aos docentes do PPGA para a participação no congresso da APA.
Resumo
A Antropologia Biológica existe no Brasil desde o século XIX. No entanto, não havia instituições que conferissem diplomas nessa área. Isso mudou em 2010, com a criação do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal do Pará (PPGA/UFPA) na Amazônia. Até então, nenhum diploma em Antropologia Física/Biológica era concedido no país. O PPGA foi o primeiro programa a oferecer educação formal envolvendo os quatro campos tradicionais da antropologia: Arqueologia, Bioantropologia, Linguística e Antropologia Cultural na região. Mais de uma década depois, o PPGA continua sendo o único programa de pós-graduação no Brasil a oferecer formação em Bioantropologia. À medida que o programa se dedica à pesquisa transdisciplinar, ele continua a formar novas gerações de antropólogos com uma perspectiva mais ampla para investigar questões complexas, desde sociedades pré-históricas até contemporâneas, da ecologia humana aos impactos antropogênicos. A posição estratégica do PPGA na Amazônia permite uma compreensão profunda dos distintos problemas enfrentados pela população local, bem como pela população mundial. O programa concedeu o primeiro título de Doutora em Bioantropologia a uma mulher indígena na história brasileira. Espera-se que, com o aumento do número de bioantropólogos graduados, outros programas muito necessários com uma abordagem de quatro campos sejam criados na América do Sul.
No congresso da APA este ano as apresentações em algumas sessões estão sendo virtuais e em outras de forma presencial ou híbrida, facilitando a participação dos pesquisadores internacionais que não puderam ir a Portugal.
Como Pesquisador
Colaborador do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS) da
Universidade de Coimbra (UC), o Prof. Hilton obteve o pagamento da taxa de
inscrição do congresso através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia,
no âmbito do projeto UIDB/00283/2025 do CIAS, que permitiu a inscrição dos dois
trabalhos nesse importante evento europeu, ampliando dessa forma a visibilidade
da bioantropologia amazônica e brasileira.
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