Antropólogo Brasileiro Recebe o Prêmio Tyler Por Pesquisas Sobre Ecologia Humana na Amazônia
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Eduardo Brondízio. Foto: Unicamp. |
Eduardo Sonnewend Brondízio é antropólogo e professor na Universidade de Indiana, em Bloomington, nos Estados Unidos, é também docente associado no Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade da Universidade Estadual de Campinas. Neste dia 10 de abril, ele receberá o Tyler Prize for Environmental Achievement 2025, um dos mais importantes na área ambiental em nível mundial, conhecido como o Nobel do meio ambiente. A honraria será compartilhada com a ecologista argentina Sandra Díaz. Eles são os primeiros pesquisadores da América do Sul a receber o prêmio (https://conexaoplaneta.com.br/blog/antropologo-eduardo-brondizio-recebe-nobel-do-meio-ambiente-por-trabalho-sobre-indigenas-e-comunidades-na-amazonia/) .
Eduardo leciona a disciplina de antropologia ambiental e realiza pesquisas na Amazônia há 35 anos, sendo uma importante voz internacional sobre a importância das comunidades ribeirinhas e dos povos tradicionais na conservação ambiental e nas políticas de sustentabilidade. Sua trajetória na Amazônia tem como um dos pontos de partida as primeiras pesquisas sobre bioantropologia e ecologia humana realizadas na Ilha do Marajó pela equipe do Setor de Ecologia Humana do Museu Paraense Emílio Goeldi, sob a coordenação do Prof. Dr. Walter Neves (foto). Depois ele seguiu para o doutorado nos EUA, e por lá acabou se fixando na Indiana University.
Desenvolvendo as linhas de antropologia ambiental e ecologia humana, em centenas de publicações, palestras, cursos e aulas, seus trabalhos têm demonstrado a importância da interrelação entre os grupos humanos tradicionais e a preservação da floresta em pé.
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Hilton Silva, Andrea e Eduardo Brondízio, Renata Vietler, Ricardo Santoro, Walter Neves e Rui Murrieta no Marajó em 1989. |
Ao falar sobre suas pesquisas, a importância da COP-30 em Belém e o papel da juventude amazônica em matéria para a Agência Brasil, Eduardo apresenta perspectivas importantes para os futuros debates na região.
Segundo ele: Este ano, a COP30 é um tema catalisador a dois níveis. Global, no sentido de que as últimas duas COPs não deram o avanço esperado, e os impactos climáticos estão ficando mais aparentes e inegáveis. Internacionalmente, há uma expectativa muito grande nessa COP em poder gerar um acordo mais efetivo para mudar o cenário atual de emissões de gases de efeito estufa, mas, também, de constituir um plano mais amplo para investimentos em adaptações às mudanças climáticas, priorizando as populações mais afetadas.
Também é um momento de fragmentação na cooperação internacional, então há expectativa de oferecer um espaço para buscar convergências entre vários setores da sociedade em torno de ações mais concretas. Há um outro nível onde a COP30 já vem tendo um papel catalisador, o da Amazônia e do Brasil. Existe esperança de mobilizar energia, colaborações e financiamento para reverter o quadro de deterioração social e ambiental da região. Os problemas ambientais e sociais da Amazônia oferecem um espelho da situação global onde mudanças climáticas, degradação da biodiversidade desigualdades sociais se auto reforçam.
Em relação à juventude, ele afirma: para manter os jovens em suas comunidades é fundamental assegurar a viabilidade econômica da sociobioeconomia, dar acesso à educação compatível às realidades locais e também acesso às tecnologias de comunicação. Por fim, essa questão passa pela valorização social e cultural do papel dessas comunidades na economia, conservação e enfrentamento dos problemas sociais da região. Aquele jovem que vê a sociedade valorizar as populações da Amazônia e seus papéis no desenvolvimento sustentável regional fica orgulhoso das suas contribuições e convicto do seu papel para o futuro da região. Precisamos valorizá-los, eles são o futuro da Amazônia.
(A entrevista completa está disponível em: https://ciclovivo.com.br/inovacao/inspiracao/brasileiro-conquista-nobel-do-meio-ambiente/)
Assim como o Centro de Análises de Paisagens Socioecológicas, que Eduardo coordena, o LEBIOS, tem estado engajado na pesquisa e na produção de conhecimentos, políticas e práticas sobre e com as populações vulnerabilizadas na Amazônia há mais de duas décadas, na perspectiva de evidenciar as múltiplas realidades locais e valorizar os conhecimentos tradicionais para a proteção das pessoas e dos ecossistemas da região. Por isso também, sua premiação nos traz grande alegria.
Parabéns amigo Brondízio.
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