Convite para defesa de Tese de Doutorado em Antropologia, Área de Concentração em Bioantropologia.


Ocorrerá no próximo dia 08/05, no Laboratório da Faculdade de Filosofia, no 1º andar do prédio do IFCH, a defesa de tese da doutaranda Elizabete Pereira Pires. 



RESUMO


Dentro do cenário atual de busca por fontes de energia, a Amazônia se destaca por ter um grande potencial hídrico, com as caraterísticas ideais para a implantação de usinas hidrelétricas para suprir as demandas energéticas do país. As peculiaridades locais com doenças endêmicas e sistema de saúde deficiente, dentro de uma nova realidade com as frentes migratórias, nos deram bases para estimarmos as prevalências de malária, dengue e leishmaniose tegumentar no período de 2010 a 2017 no município de Altamira/PA. Sendo assim, buscamos saber se as condicionantes de saúde, compromisso firmado pela Norte Energia e o Governo Federal para a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte na região do Xingu, alteraram o perfil epidemiológico dessas doenças. Foram coletados os dados da Malária, Dengue e Leishmaniose tegumentar no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica (SIVEP) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), nos bancos de dados da Secretaria de Saúde do município de Altamira. Para análise foi utilizada a distribuição temporal e espacial dessas doenças, utilizando-se como ferramenta a análise de séries temporais. Em 2010 foram registrados 1.849 casos de malária. Já em 2017, o número caiu para zero, e esta diminuição foi atribuída ao Plano de Ação para Controle da Malária (PACM). A dengue teve 1.330 casos confirmados em 2010 e em junho de 2017 decaiu o número de casos para 17. A leishmaniose tegumentar foi a única doença que se manteve constante, apresentando, em 2010, 62 casos, e em maio de 2017, 17 casos. A dengue e a leishmaniose tegumentar não tiveram ações de controle e monitoramento específicos como a malária, que recebeu investimento financeiro para controle, sendo executadas apenas ações preventivas de rotina no município. Em decorrência disto, a malária é considerada uma doença controlada em Altamira – porém, municípios vizinhos à obra, como Pacajá, estão com números de casos crescentes. Em 2015 foram notificados 345 casos, e em 2016, 460 casos. Por fim, até 24 de agosto de 2017, já haviam sido notificados 437 casos, logo, precisa-se estender as ações de controle e monitoramento aos municípios vizinhos e dar continuidade a eles por mais alguns anos. Por fim, esta pesquisa sugere que apesar da dengue ter redução em número de casos, é uma doença considerada negligenciada junto à leishmaniose, tanto pelas condicionantes de saúde propostas pelo empreendedor, como pela ausência de políticas públicas municipais e estaduais ou pela ineficiência dessas políticas voltadas para o controle dos mosquitos transmissores.

PALAVRAS-CHAVE: Usina Belo Monte, Condicionantes, Epidemiologia, Amazônia

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