Contribuições da Bioantropologia para a Saúde Pública

Todo cidadão brasileiro tem direito a saúde e o Estado tem o dever de garantir esse direito. Porém, observa-se no Brasil que tanto doenças crônicas não transmissíveis como as doenças infecciosas continuam sendo prevalentes na população, em função de vários fatores relacionados às questões sociais, como carências em educação, segurança, alimentação, saneamento e etc. Além disso, o próprio sistema de saúde brasileiro, o SUS, necessita de mais investimentos para que seus princípios se tornem uma realidade, além de um olhar especial para a Atenção Primária à Saúde, que é a porta de entrada do sistema. O Programa Mais Médicos (PMM), que tem como um de seus objetivos a contratação emergencial de médicos para atuar em áreas vulneráveis, de difícil acesso e com escassez de profissionais médicos é uma das políticas criadas para remediar os problemas enfrentados pela população. O programa, no entanto, foi muito criticado pelas entidades médicas, embora tenha sido bem aceito pela população.

Os alunos Alisson Lima e Roseane Tavares, vinculados ao LEBIOS, e mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Saúde, Ambiente e Sociedade na Amazônia (PPGSAS/UFPA), desenvolvem suas pesquisas sobre o PMM e seus impactos no Pará. No período de 02 a 04 de Maio de 2017 eles participaram do III Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão em Saúde – Estado e Democracia: o SUS como direito social (http://abrasconatal17.ufrn.br/), promovido pela ABRASCO e realizado em Natal – RN, onde apresentaram alguns dos resultados de suas pesquisas.

O trabalho “Perspectiva dos Gestores Municipais sobre o Programa Mais Médicos no Estado do Pará”, de Alisson B. L. Lima, Roseane B. Tavares e Hilton P. Silva (Figura 1), aponta que a maioria dos gestores entrevistados tem interesse na continuidade do Programa em seus municípios. A razão disso são os bons resultados obtidos com os intercambistas cubanos, como o incremento de visitas domiciliares, fixação de médicos nos municípios e a percepção de maior humanização por parte dos médicos intercambistas. Já o trabalho “Formação e Experiência Profissional dos Médicos Intercambistas do Programa Mais Médicos no Pará”, de Roseane Bittencourt e Hilton P. Silva (Figura 2), mostra que os profissionais cubanos que participam do PMM no Pará, são profissionais capacitados, com grande experiência acadêmica e profissional em seu país de origem e em missões internacionais, especialmente na área da saúde da família.

A partir de uma análise tendo com base teórica os Determinantes Sociais de Saúde, os trabalhos concluem que o PMM tem contribuído para a redução das iniquidades em saúde, melhorando assim a qualidade de vida da população que vive em áreas de grande vulnerabilidade e escassez de profissionais médicos.

Figura 1 – Pôster do aluno Alisson


Figura 2 – Pôster da aluna Roseane

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