Os Humanos Mais Antigos da Europa


Os Humanos mais antigos da Europa

Foram publicadas esta semana na revista Nature duas comunicações muito interessantes sobre a ocupação da Europa pelo Homo sapiens. A carta de Benazzi e colaboradores (Early dispersal of modern humans in Europe and implications for Neanderthal behaviour) reanalisa dentes decíduos encontrados na Grotta Del Cavalo (Itália), em 1967, e a carta de Higham e colaboradores (The earliest evidence for anatomically modern humans in northwestern Europe) discute os achados da Kent Cavern, Reino Unido, que foram escavados em 1927 e agora são re-interpretados.  Os artigos são importantes porque usam novas e sofisticadas metodologias de análise, demonstrando que é possível obter informações relevantes de materiais disponíveis em reservas técnicas institucionais e, principalmente, por colocarem sem sombra de dúvida a presença do homem moderno na Europa por volta de 45 mil anos, quando antes haviam muitas controvérsias, pois nesta época os neandertais também  ocupavam o continente e nos sítios arqueológicos, na ausência de ossos, é  praticamente impossível dizer à partir dos registros culturais apenas se quem vivia naquele local era sapiens ou neandertal. 



Esse é precisamente o caso discutido na primeira comunicação. O artigo de Benazzi et al., diz inclusive que havia dúvidas até então se os dentes que eles estudaram, datados agora entre aproximadamente 45 e 43 mil anos, eram de neandertais ou da nossa espécie. Já Higham et al., re-estudaram uma mandíbula utilizando novas tecnologias e um enfoque multidisciplinar, e também chegaram a datas próximas a 45 mil anos para a presença humana no Reino Unido. Ambos os grupos dizem que tem os registros de Homo sapiens mais antigos da Europa e a “briga” vai ser boa para ver quem está certo. Os dois estudos são também importantes porque aumentam o período de nossa convivência com os neandertais, o que contribui para por lenha na fogueira dos debates sobre se nossos ancestrais se misturaram, quanto durou e como acabou essa convivência das duas últimas espécies de hominíneos do planeta.

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