Bioantropologia do PPGA em Destaque em Publicação Internacional Sobre a Volta Grande do Rio Xingu.



Foi publicado esta semana no importante periódico internacional PLOS ONE o artigo “Late Holocene Dietary and Cultural Variability on the Xingu River, Amazon Basin: A stable isotopic approach” de autoria de Letícia Morgana Müller, recém doutora em bioantropologia pelo PPGA e pesquisadora do LEBIOS, com a co-autoria de pesquisadores do Department of Archaeology do Max Planck Institute for Geoanthropology, Alemanha, da Scientia Consultoria Científica, São Paulo, do The Roslin Institute & Royal (Dick) School of Veterinary Studies, University of Edinburgh, Midlothian, Reino Unido e do PPGA, UFPA. O artigo utiliza metodologias de análise isotópica para investigar aspectos da dieta e características bioculturais de populações humanas que viveram antes da chegada dos europeus e mostra a importância da transdisciplinaridade para a compreensão de fenômenos ecológicos complexos. Os dados inéditos que originaram o artigo foram trabalhados nos laboratórios do Instituto Max Planck, em Jena, durante o período de estágio sanduíche do doutorado realizado pela autora principal, sob orientação do Prof. Dr. Hilton P. Silva do PPGA, e supervisão do Prof. Dr. Patrick Roberts, em Jena. Essa é a primeira parceria entre o PPGA e o Max Planck, e outras produções já estão em andamento.

Resumo
Variabilidade alimentar e cultural do Holoceno Tardio no Rio Xingu, Bacia Amazônica: Uma abordagem isotópica estável.
Embora já tenha sido considerada um “falso paraíso”, a Bacia Amazônica é hoje uma região de crescente interesse nas discussões sobre o uso da terra tropical no período pré-colonial e sua complexidade social. A arqueobotânica, a arqueozoologia, o sensoriamento remoto e a paleoecologia revelaram que, no Holoceno Tardio, populações em diferentes partes da Bacia Amazônica usavam várias plantas domesticadas, modificando solos, construindo terraplenagem e até formando 'Cidades Jardim' ao longo do rio Amazonas e seus afluentes. No entanto, permanece uma compreensão relativamente limitada de como as dietas, a gestão ambiental e as estruturas sociais variaram nessa vasta área. Aqui, aplicamos a análise de isótopos estáveis para restos humanos (n = 4 para colágeno, n = 17 para esmalte dentário) e fauna associada (n = 61 para colágeno, n = 28 para esmalte dentário), para determinar diretamente as dietas das populações vivendo na Volta Grande do Rio Xingu, importante região de interações culturais pré-colombianas, entre 390 cal. anos aC e 1.675 cal. anos d.C. Nossos resultados destacam um foco alimentar contínuo em plantas C3, em fauna terrestre selvagem e recursos aquáticos nos diferentes sítios através do tempo, com integração variável de plantas C4 (ou seja, milho). Argumentamos que, quando comparado a outros conjuntos de dados agora disponíveis em outros lugares da Bacia Amazônica, nosso estudo destaca o desenvolvimento de adaptações alimentares regionais aos cursos d'água locais e diferentes tipos de floresta.

O artigo “Late Holocene Dietary and Cultural Variability on the Xingu River, Amazon Basin: A stable isotopic approach”, de autoria de MÜLLER, L.M., KIPNIS, R., FERREIRA, M.P., MARZO, S., FIEDLER, B., LUCAS, M., ILGNER, J., SILVA, H.P. & ROBERTS, P., publicado na revista PLoS One, 17(8): e0271545, está disponível em: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0271545
Matéria publicada no site do Instituto Max Planck sobre o artigo da PLOS ONE: https://www.shh.mpg.de/2219108/diverse-diets-in-late-holocene-amazon-basin

Boa leitura!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mulheres na Bioantropologia

Ilha do Marajó: Fome e Determinantes Sociais da Saúde no Contexto da Pandemia

Cinco Provas da Evolução das Espécies