Bioantropologia Rebate as Notícias Falsas (Fake News) em Circulação sobre as Vacinas Contra a COVID-19
A chegada da variante Delta do SARS-CoV-2 ao Brasil reacende o alerta para o fato de que a COVID-19 ainda continua a ser um perigo entre nós. Esta cepa resulta de mecanismos adaptativos do vírus que, através da seleção natural, se ajusta ao sistema imune e evolui, se tornando mais eficiente em infectar o hospedeiro humano. No momento, a única forma eficaz de combater a doença e oferecer à humanidade a chance de retomar as atividades regulares o mais breve possível é através da vacinação em massa. As vacinas são um mecanismo adaptativo biocultural que nos permite aumentar a resistência do organismo através da redução da mortalidade, ao mesmo tempo em que, por reduzir significativamente a carga viral, evita o surgimento de novas cepas que, nas pessoas não vacinadas, podem ser mais contagiosas como a Delta, ou talvez mais letais.
No entanto, dezenas de notícias falsas (fake News) continuam a correr as redes sociais, levando milhões de
pessoas a deixar de se vacinar e até mesmo algumas que tomaram a primeira doze a
deixar de tomar a segunda e, assim, não adquirir proteção integral dos quadros
graves de COVID-19.
A seguir são apresentadas algumas das falsidades disseminadas
nas redes sobre as vacinas contra o novo coronavírus e porque elas são erradas
e perigosas.
1- A vacina não tem eficácia: essa é uma informação
incorreta uma vez que a eficácia de qualquer das vacinas aprovadas pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil (ANVISA) é obrigatoriamente maior
que 50%, isto é, para ser usada no SUS ela precisa proteger a pessoa muito mais
do que quaisquer outras medidas individuais que possam ser tomadas pelos não
vacinados. A principal função delas agora é evitar que as pessoas desenvolvam a
forma grave da doença, que acomete principalmente os idosos e leva a longos
períodos de internação e à maioria das mortes. Nesse caso, todas as vacinas
apresentam alto nível de eficácia. Ou seja, quem é imunizado tem uma chance
muito pequena de precisar de hospital, UTI, intubação e de morrer caso venha a
ser infectado pelo SARS-CoV-2.
2 - A vacina tem efeitos colaterais:
embora as vacinas, e qualquer remédio, possam ter efeitos colaterais, como
desconforto ou vermelhidão no local da injeção, dor de cabeça ou dor no corpo
no dia seguinte, entre os milhões de pessoas já vacinadas, de centenas de
etnias, em todos os continentes, não foram confirmadas reações graves ou mortes
relacionadas ao uso em pessoas previamente saudáveis. Qualquer efeito colateral
da vacina será muito menos doloroso e perigoso que uma internação ou intubação.
3- A vacina vai mudar a minha genética: nenhuma vacina tem o poder de mudar
o código genético dos seres humanos, ou de fazer a pessoa se transformar em
outra coisa. Nossos genes são herdados de nossos pais e não podem ser alterados
por vacinas.
4 - A vacina pode causar câncer e problemas de
saúde: não há qualquer evidência científica de que
as vacinas contra a COVID-19 causem doença e não há registro médico de qualquer
vacina que cause câncer. As usadas no Brasil se mostram seguras em todos os
testes e se baseiam em fórmulas muito parecidas com as já usadas para diversas
outras doenças, que são comumente aplicadas aqui em crianças e adultos há
décadas, com enorme sucesso e redução da mortalidade na população.
5 - A vacina é
experimental: as vacinas em uso no SUS foram testadas em milhares de pessoas,
inclusive profissionais de saúde, em várias partes do mundo, antes de serem
aprovada pela ANVISA. Os testes já realizados no Brasil e em outros países,
demonstraram que são eficazes, seguras e evitam as formas graves da doença.
Elas foram aprovadas para uso emergencial por causa da pandemia pelas agências
de saúde mais exigentes do mundo para reduzir as milhares de mortes que
continuam a ocorrer todos os dias.
6 - A vacina está matando idosos:
Quem tem matando milhares de idosos, e também um número crescente de jovens, é
a COVID-19. As vacinas em uso no país demonstraram ser capazes de reduzir muito
a mortalidade dos vacinados. Em Israel, Inglaterra, EUA e outros países, após
as duas doses da vacina, a morte de idosos e outros grupos se reduziu drasticamente.
7 - Mulheres grávidas e que estejam
amamentando não podem tomar a vacina: embora as
vacinas nunca sejam testadas em grávidas e lactantes por motivos éticos, as em
uso no país são feitas com tecnologia amplamente usada em vacinas ao redor do
mundo e que não causam efeitos colaterais em mães ou seus bebês. O Ministério
da Saúde recomenda que o uso seja feito de acordo com a análise do risco de a
mãe contrair a doença. A mãe vacinada deve continuar a amamentar normalmente. O
leite materno é o melhor alimento para o bebê e irá também protegê-lo.
8 – A vacina é “coisa do capeta”:
O Papa Francisco se vacinou e declarou: “Eu acredito que eticamente todo mundo
deveria tomar a vacina”. A maioria dos pastores e outros religiosos reconhece
que a vacina é fruto do conhecimento científico, que é uma dádiva de Deus para
a humanidade. Ela está ao lado da fé, salva vidas, protege os idosos e evita a
destruição das famílias. Deus atirou o mal, Lúcifer, ao inferno junto com o
anjo da morte. Vacinas são o contrário do mal e da morte pois promovem a
solidariedade e a vida, logo, nada têm a ver com o demônio.
9 - O vírus foi criado na China (ou pelos
comunistas) e a China criou a vacina por isso ela é ruim:
A tecnologia atual não consegue criar um vírus como esse em nenhum país. Milhares
de pessoas morreram de COVID-19 na China e o governo de lá está usando vacinas
para controlar a pandemia na sua população. Além disso, a maioria das vacinas e
remédios que tomamos comumente, há décadas, vêm daquele país e ninguém se
preocupava com isso até agora. A China é o principal fornecedor de insumos de
saúde para o Brasil, de máscaras e luvas a tratamentos para câncer, a Coronavac
é só mais um. Outras vacinas vêm da Índia e dos EUA e virão mais de outros
países. Muitas já são fabricadas aqui mesmo no país. Neste momento não há
“vacina ruim”. Todas são fundamentais para conter a pandemia.
10 - A vacina vai injetar um chip para
controlar você ou você vai ficar “magnético” após tomar a vacina: Dentre todas as notícias falsas circulando
essa é a mais absurda. Temos em uso vacinas originadas em vários países e
também feitas no Brasil. Nenhuma delas carrega elementos nocivos ou perigosos.
Todas foram testadas em milhares de pessoas, de dezenas de países e etnias,
antes de serem aprovadas pela ANVISA, e passam por um rigoroso controle de
qualidade ao chegar ao país. As doses das vacinas são distribuídas
aleatoriamente para os municípios pelo Ministério da Saúde, todas são eficazes
e seguras, independente do fabricante.
A pandemia não é “democrática”. A maioria das pessoas mortas nos
últimos meses são as que não se vacinaram ou que tomaram apenas uma dose do
imunizante. As vacinas nos protegem e a quem amamos, e tem se mostrado eficazes
para todas as variantes em circulação. As notícias falsas, inclusive as que vem
com fotos e vídeo montagens, são criminosas e contribuem para prolongar a
pandemia e causar mortes.
Hilton P. Silva
Médico Sanitarista
Coordenador do LEBIOS/CNPq
Muito esclarecedoras estas informações! Precisamos cada vez mais de instruções como estas, afim de orientar pessoas com diferentes formas de acesso e compreensão dos procedimentos científicos. A informação clara, equilibra o indivíduo doente e capacita-o a superar as suas próprias necessidades. Parabéns ao LEBIOS. Vacine-se, valorize a vida.! Cuide do seu próximo como a si mesmo!
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