Bioantropologia do PPGA/UFPA na ALAB/Uruguai
Os/as
Doutorandos/as Ariana Kelly L S da Silva, Elizabeth Pires, Lígia Filgueiras e
Mariluzio Moreira, do Programa de Pós Graduação em Antropologia, Universidade
Federal do Pará - PPGA/UFPA, da área de concentração em Bioantropologia tiveram
trabalhos aceitos como Apresentação Oral no XIV Congresso da Associação
Latinoamericana de Antropologia Biológica - ALAB, que ocorreu entre os dias 18
a 21 de Outubro de 2016, na cidade de Tacuarembó, Uruguai, cidade onde nasceu
Carlos Gardel, todos, com Coautoria do Prof. Dr. Hilton P Silva (PPGA/UFPA). A
ALAB é a mais importante Associação que discute os variados temas da Antropologia
Biológica da América Latina, como Povoamento da América, a Genética de
Populações Antigas e Modernas, Biodemografia, Bioarqueologia, Ecologia Humana,
Nutrição, Crescimento e Desenvolvimento, Primatologia, Antropologia Aplicada à
Antropologia e a Antropologia Forense. O congresso é bianual e conta com um
grande número de participantes de vários países, como o Brasil, Argentina,
Chile, EUA, entre outros.
A doutoranda Ariana Kelly L S da Silva apresentou o resumo Doença Falciforme. Genética e Raça: Uma Abordagem Biocultural na
Amazônia Brasileira, como segue abaixo.
"Doença Falciforme, Genética e Raça: Uma Abordagem Biocultural na
Amazônia Brasileira"
Ariana Kelly Silva, Leandra Silva e Silva, Hilton Pereira
No Brasil, a cada
ano, cerca de 3000 indivíduos nascem com Anemia Falciforme (AF ou Hb SS).
No Estado do Pará, Amazônia brasileira, cerca de 1% da população tem af, com
maior prevalência entre pessoas autodeclaradas negras e pardas (82%). Partindo
de uma abordagem biocultural, este trabalho discute como a DF, que engloba
relações de genética e ancestralidade geográfica, sintomas fisiológicos e
acesso a serviços de saúde, está relacionada com a pobreza e o preconceito
sociorracial. O estudo envolve a ontogenia e cronicidade da doença, as relações
sobre a ideia de raça e racismo, e situações de preconceito devido ao fenótipo
do grupo. Foi realizada uma entrevista semiestruturada com 45 pessoas
acometidas com DF e levantamento bibliográfico sobre a temática. Os resultados
sugerem que ter uma enfermidade genética na Amazônia é uma situação de
significativa vulnerabilidade: 46% das pessoas referem dificuldades para
acompanhar as visitas ao hematologista por ter baixa renda, 96% dependem do
Sistema Único de Saúde (SUS), e enfrentam carência de medicamentos e profissionais
nas unidades de saúde, 62% indicam já ter sofrido discriminação sociorracial, e
há desinformação sobre as manifestações da doença, por ausência de
aconselhamento genético na região. Conclui-se que a DF é um fenômeno
biocultural, necessitando de políticas públicas adequadas e informações em
saúde às pessoas com o agravo, seus familiares e sociedade em geral, a fim de
mitigar as consequências biológicas e sociais associadas à doença.
Palavras-Chave:
População Negra, Racismo, Saúde.
Ariana da Silva durante apresentação oral na ALAB 2016. Foto: Hilton P Silva. |
A discente Elizabete Pires apresentou a comunicação "A
Usina Hidrelétrica de Belo Monte e a Epidemiologia de Doenças Endêmicas na
Cidade de Altamira", como segue abaixo.
"A Usina Hidrelétrica de Belo Monte e a Epidemiologia de Doenças Endêmicas na Cidade de Altamira"
Elizabete Pires e Hilton P Silva
Elizabete Pires e Hilton P Silva
A Usina
Hidrelétrica de Belo Monte (UHBM) é uma das obras mais polêmicas do Brasil,
pelo grandioso impacto ambiental e antropológico para as populações que vivem
no entorno da obra. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA), órgão
fiscalizador, exigiu que uma série de medidas mitigadoras e compensatórias
fossem executadas para amenizar os impactos advindos da barragem. Neste
trabalho são analisados dados epidemiológicos de casos de malária, leishmaniose
tegumentar e dengue na região urbana de Altamira no período de 2010 a 2015,
visando compreender as potenciais relações entre estas doenças e a implantação
da UHBM. Foram coletados dados epidemiológicos do Sistema de Informação de
Agravos e Notificações e do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica
de Altamira. Para investigar o comportamento dos
agravos utilizou-se a combinação de duas técnicas estatísticas, o
Controle Estatístico da Qualidade associado a Análise de Séries Temporais nas observações sequenciais ao longo do período. A
malária teve uma redução considerável no número de notificações após a execução
do Programa de Ação de Controle à Malária pelo empreendedor, sendo considerado
exitoso o monitoramento até 2015. A dengue relaciona-se com a sazonalidade e as
modificações ambientais. Para esta doença, as notificações e confirmações dos
casos, ao final de 2015, mostram que continua fora de controle. No que diz
respeito a Leishmaniose, verificou-se que está sob controle estatístico no
município, não havendo pontos acima ou abaixo do esperado. O crescimento
populacional vem sobrecarregando o sistema de saúde de Altamira, antes já
considerado deficiente para atender às demandas locais e dos municípios
vizinhos. Não é possível calcular a frequência de subnotificações. Do ponto de
vista das doenças endêmicas da região, a limitada série histórica disponível
mostra que a UHBM está produzindo alterações no quadro epidemiológico. Porém,
como grande parte das condicionantes de saúde não tem sido cumprida, mais
estudos são necessários para avaliar até que ponto os indicadores disponíveis
são confiáveis e os resultados se manterão após a conclusão da obra.
Palavras-chave: Amazônia, Vetores, Barragem.
Riverine and Quilombola Children from the Amazon Region: Conditions of Growth and the Need for Public Health Policies
Lígia Amaral
Filgueiras, Hilton P. Silva y Edson Marcos Leal Soares Ramos
The Amazon region represents more than half of the tropical forests of
the planet and has the greatest biodiversity in the world. But it has been
victim of serious environmental and social problems such as deforestation,
violence, loss of important areas due to the Brazilian Forest Code, and others.
The human populations living in this area include peasant groups who depend on
fishing, agriculture and extraction of natural products for subsistence and are
vulnerable to those problems, especially the children. This study aims to
investigate the health of children from the Amazon. 371 children (182 girls,
189 boys) from 5 to 9 years old were analyzed according to who Health
Parameters. The sites investigated include two protected areas: Caxiuanã
National Forest (Pará State), Mamirauá Sustainable Development Reserve
(Amazonas State) and the Quilombola communities, formed predominantly by
Afroderived populations originated in Brazil from slave escapees, located in
the State of Pará (África/Laranjituba, Santo Antônio, Mangueiras, Mola,
Oriximiná, Trombetas and Abacatal). Results show that children from Caxiuanã
are in deficit for height-for-age Z-score (26.15%) as well as Mamirauá children
(17.9%) while the worst Quilombola community is Mola (35.72%). The difference
was significant (p = 0,018) and Tukey Test indicates that Caxiuanã children are
the worst group concerning weight-for-age Z-score. In general, all communities
lack environmental sanitation, piped water, present difficult housing
situation, with no internal water closet, which influences high levels of
intestinal parasites and other infectious diseases. Besides, access to health
is usually difficult because of the distances between the houses and health
centers since transportation is done by small motor boats. The Amazon region is
vast and presents many socioenvironmental difficulties, but if there are no
serious improvements in public policies, in all sectors, children will remain
distant from the international growth parameters for many decades. It is urgent
to develop better public health programs for the rural populations so they can
attain their full potential.
Keywords: Caxiuanã, Mamirauá, Quilombolas.
"Pericia Antropológica:
Diagnóstico da Antropologia Forense no Brasil"
Mariluzio A. M. Silva1 y
Hilton P. Silva
Trata-se de um estudo sobre a Antropologia Forense no Brasil,
desenvolvido de 2014 a 2016, nas instituições periciais oficiais. A perícia em
Antropologia Forense no Brasil é uma atividade exclusiva de Estado, por isso,
a presente pesquisa buscou identificar a atual situação desse campo pericial no
Brasil. Como estratégia de coleta de dados foi aplicado um questionário que
foi enviado em formato digital a todos os iml (Instituto Médico Legal) do país,
com questões relativas a aspectos de infraestrutura e recursos humanos.
Buscou-se identificar quais unidades da Federação possuem departamentos de
Antropologia Forense, se possuem laboratórios equipados, quais profissionais
atuam entre outros aspectos. Das 26 unidades periciais dos Estados e Distrito
Federal, somente 88,89% responderam ao questionário, e que se observou é que a
grande maioria dos Estados possuem departamentos de antropologia forense em
suas instituições periciais, todavia, 16,17% dos estados ainda não institucionalizam
a antropologia forense. Destaca-se ainda, que 37,5% das unidades periciais
brasileiras não possuem laboratórios específicos para perícia antropológica e
que na sua grande maioria também não possuem equipamentos próprios, sendo
identificado que o material utilizado nos laboratórios, em parte, tem sido
adquirido pelos próprios peritos. Em média há cerca de 2,3 peritos em
Antropologia Forense por unidade pericial no Brasil o que é um índice relativamente
baixo e que destaca a necessidade de contratação de peritos nessa área. Em
relação ao perfil de formação e atuação dos peritos, identificou-se uma
preponderância de médicos e odontólogos atuando nesse campo, 41,66% das
instituições só possuem médicos legistas como antropólogos forenses, 25%
possuem apenas odontólogos e 33,33% possuem médicos e odontólogos. A presença
de outros profissionais desenvolvendo pericias em Antropologia Forense no
Brasil é bastante baixa, apenas dois Estados possuem outros profissionais como
Antropólogo Forense – Ceará e Rio de Janeiro que possuem em sua equipe um
biólogo. O que se observa é que em termos gerais a perícia em Antropologia
Forense no Brasil precisa avançar mais, com criação e modernização de
laboratórios, com aumento de recursos humanos nas equipes periciais e com um
maior desenvolvimento no campo das pesquisas.
Palavras-chave: Diagnose,
Perícia Criminal, Antropologia Forense.
Prof. Dr. Hilton P Silva durante Apresentação Oral na ALAB 2016. Foto: Ariana da Silva. |
Participantes do Simpósio de Saúde da ALAB 2016. Foto: Ariana da Silva. |
Um coquetel de abertura e um jantar de adesão também fizeram parte das atividades da ALAB, quando os participantes puderam ter um momento de descontração, que contou com música ao vivo (cantor local) e um mini show de "stand up" de um dos organizadores do evento, Prof. Gonzalo Figueiro (Arqueólogo/Geneticista). O próximo evento será na cidade de Mayagüez, Porto Rico (2018).
Coquetel de Abertura |
Pesquisadores Brasileiros participantes da ALAB durante o Coquetel de Abertura |
Jantar da ALAB |
Jantar da ALAB |
O baile |
Stand Up |
Maiores informações no site: http://antropologiabiologica.org/congreso2016/
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