Ancestral mais antigo do ser humano é encontrado na Etiópia
La mandíbula hallada en Etiopía / BRIAN VILLMOARE |
O gênero
Homo, linhagem de hominídeos que culminou no aparecimento dos humanos modernos,
surgiu quase meio milhão de anos antes do que se imaginava. A prova é uma
mandíbula fossilizada de 2,8 milhões de anos, achada em 2013 na Etiópia. A
descoberta foi revelada na quarta-feira, 04, na revista Science, por um grupo
internacional de pesquisadores.
Segundo os autores, o fóssil reúne características dos
Australopithecus, bem mais primitivos, e de outras espécies mais recentes do
gênero Homo, indicando uma transição entre elas.
Varias vistas del nuevo fósil / W. KIMBEL |
Em um estudo publicado simultaneamente na revista Nature,
outra equipe de cientistas fez a reconstituição computadorizada do crânio de um
Homo habilis - a primeira espécie do gênero - e descobriu surpreendente
diversidade entre esses hominídeos, indicando também que eles tinham
características mais primitivas do que se pensava, combinadas com traços
modernos.
O fóssil que deverá transformar a história da evolução
humana é um pedaço de uma mandíbula inferior, com cinco dentes, achado há dois
anos no sítio arqueológico de Ledi-Geraru, na região etíope de Afar.
Segundo os cientistas, liderados pela geóloga Erin
DiMaggio, da Universidade Estadual da Pensilvânia (Estados Unidos), o hominídeo
pertencia ao gênero Homo e viveu há 2,8 milhões de anos, quando ainda havia na
região arbustos, rios e zonas úmidas arborizadas. Os pesquisadores acreditam
que mudanças climáticas podem ter acelerado o aparecimento do gênero Homo.
Segundo os autores, a descoberta ajuda a preencher
lacunas sobre um período importante para a evolução humana - entre dois e três
milhões de anos atrás. Os fósseis são escassos e mal preservados, mas foi
justamente quando os hominídeos sofreram uma transformação crucial, deixando
para trás aparência e comportamento mais semelhantes aos dos macacos.
"Essa
descoberta é o primeiro indício que temos dessa transição para o comportamento
dos humanos modernos. Naquele momento, deixamos de resolver os problemas com
nossos corpos e passamos a fazê-lo com nossos cérebros", disse um dos
autores, Brian Villmoare, da Universidade de Nevada.
O novo fóssil tem uma série de características primitivas
em comum com um ancestral de outro gênero, o Australopithecus afarensis, cujo
espécime mais conhecido é Lucy, fóssil de 3,5 milhões de anos encontrado em
1974 em Hadar, a 65 km de Ledi-Geraru. Mas o novo fóssil também tem traços de
hominídeos modernos do gênero Homo.
No estudo da Nature, a equipe liderada por Fred Spoor, do
Instituto Max Planck, produziu uma reconstrução virtual do mais representativo
fóssil do Homo habilis, datado de 1,8 milhão de anos. Com isso, foi possível
comparar o fóssil ao mais antigo espécime de Homo habilis já encontrado, de 2,3
milhões de anos. A análise indica que a mandíbula é tão primitiva quanto a do
Australopithecus, mas outras características são semelhantes às dos hominídeos
mais recentes.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Fábio de Castro
Entrevista disponível no link abaixo:
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