Primeira Dissertação em Bioantropologia no Brasil é defendida na UFPA

A história da Antropologia se inicia com a necessidade de compreender a diversidade biocultural dos povos e o significado do que é ser Humano. A Antropologia Biológica (antigamente chamada de Antropologia Física), parte do tronco original desta disciplina, tem papel central na compreensão do processo de nossa hominização/humanização e na diversidade biológica atual de nossa espécie. Embora tenha chegado ao Brasil desde os primórdios da Antropologia, no Século XIX, a Bioantropologia propriamente dita (outro nome pelo qual é conhecida a Antropologia Biológica) nunca pode graduar quadros no país por falta de programas específicos de formação.
Embora haja um, ainda pequeno, número de pessoas que trabalham sobre essa subdisciplina no país, os que receberam formação específica o fizeram no exterior, enquanto os outros são pesquisadores dedicados, que realizaram aprendizado independente partindo de outras áreas como a Biologia, a Genética, as Ciências Sociais ou a Saúde Pública, e contribuem para os debates sobre temas correlatos nacional e internacionalmente.
Em 2010, com a implantação do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA) da UFPA, em Belém, o primeiro com proposta de formação integrada no país envolvendo Antropologia Social, Arqueologia e Bioantropologia, se iniciou a possibilidade de formar profissionais Bioantropólogos em nosso solo, o que significa que os interessados neste campo de atuação não mais precisam sair do Brasil para realizar seus estudos.
Esta semana, na segunda-feira, dia 11/06/12, foi defendida e aprovada a primeira dissertação (Mestrado) do PPGA, sendo esta também a primeira em Bioantropologia no Brasil. Ariana Kelly Leandra Silva da Silva, que foi orientada pelo Prof. Dr. Hilton P. Silva e teve como Coorientadora a Prof.ª Dr.ª Edna F. Alencar, fez história ao apresentar ao público presente no auditório do PPGA seu trabalho intitulado “Doença Como Experiência: As Relações entre Vulnerabilidade Social e Corpo Doente Enquanto Fenômeno Biocultural no Estado do Pará” que analisa diversos aspectos biossociais da Anemia Falciforme, uma doença originada via seleção natural na África, ainda negligenciada no mundo e de substancial prevalência no Estado do Pará em face ao complexo processo histórico de colonização pelo qual passou a Região Amazônia.      
Durante a defesa de Mestrado em Bioantropologia (PPGA/UFPA)
Foto: Elton Sousa
15/06/12

Comentários

  1. Parabéns a Ariana pelo trabalho e à equipe da UFPA pela iniciativa pioneira. Acredito que esse seja um importante passo para consolidação e maior visibilidade desta área maravilhosa que é a bioantropologia.

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  2. Muito obrigada, Laércio!
    Ficamos felizes com tuas palavras de apoio e congratulações.
    Espero que em breve possamos trocar experiências interdisciplinares em ambas as áreas de atuação com a UFBA, serás muito bem vindo.
    Um abraço,

    Ariana.

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