COORDENADOR DO LEBIOS PARTICIPA DE EVENTO CIENTÍFICO INTERNACIONAL EM CABO VERDE
O tema central deste ano foi "Reinventando a Democracia num Mundo de Inseguranças: desafios para as Ciências Sociais e Humanas" e traduz a convergência de temas e interesses acadêmicos dos pesquisadores e ativistas lusófonos, bem como a relevância social na atualidade dos países de língua portuguesa e no mundo, quando ondas neoconservadoras, guerras e conflitos, constituem-se como ameaças à democracia.
No campo das CSH é preciso repensar os paradigmas e ferramentas de análise, identificar instrumentos que permitam resistir a estas intempéries e vencer os desafios associados às recorrentes situações de ataque à diversidade biocultural e a democracia globalmente. Como se posicionarão os cientistas sociais perante os conflitos violentos, a agressão constante à natureza, a discriminação e desigualdades que marcam cada vez mais as sociedades contemporâneas?
Os grandes desafios da atualidade em torno de temáticas como a saúde global e as pandemias, migrações internacionais, alterações climáticas e aquecimento global, lutas antirracistas e pela igualdade e equidade do gênero, debatidos em Cabo Verde, impelem os/as cientistas das humanidades a imaginar e propor novos caminhos e mundos possíveis; a pensar criticamente e a desenvolver contribuições que construam horizontes de esperança e de mudança.
Mesa Redonda com os Reitores Roberlaine (UNIPAMPA) e Joana (UFSB) |
Profs Antonieta, coordenadora do curso de medicina, e Odete, do curso de enfermagem, com o prof Hilton na UNICV |
Mesa Redonda: Potencialidades para a
Cooperação Sul-Sul na Graduação e na Pós-Graduação: Estratégias para a
democratização do acesso ao ensino superior no Sul Global
Prof. Dr. Hilton
P. Silva (NEAB/CEAM/UNB, PPGA/UFPA, Brasil), Coordenador da Mesa Redonda.
Profa. Dra.
Dominika Anna Swolkien (FCSHArtes e Pró-reitora
de Pós-Graduação da Uni-CV, Cabo Verde), Palestrante.
Prof. Dr.
Roberlaine Jorge (Reitor da UNIPAMPA e Coordenador do Fórum Negras Reitorias,
Brasil), Palestrante.
Prof. Dr. Odair Varela (Docente da Universidade de Cabo Verde), Debatedor.
Resumo
Nas últimas décadas, milhares de jovens têm buscado sua formação superior no Brasil através dos Programas de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) e de Pós-Graduação
(PEC-PG). A maioria deles vem das nações africanas, principalmente as de língua
oficial portuguesa (PALOP), mas há também um grande número de estudantes cujos
países têm como língua oficial o Francês e outras. Enquanto o PEC-G data de
1965, o PEC-PG foi criado apenas em 1981. Em conjunto, eles formam o principal
programa de intercâmbio acadêmico internacional oferecido do Brasil e objetivam
permitir o acesso à educação superior para pessoas dos países com os quais são
mantidos acordos de cooperação acadêmica e cultural, contribuindo para a
constituição de recursos humanos altamente qualificados e aptos a auxiliar no
desenvolvimento socioeconômico de suas nações de origem. Esse intercâmbio, tem
ocasionado transformações substanciais nas relações internacionais e traz à
tona a necessidade de discussões sobre os melhores mecanismos de promoção de
cooperação internacional entre os continentes. O movimento de
internacionalização tem sido importante tanto para o crescimento das
universidades brasileiras quanto das instituições africanas. Recentemente, em
função das mudanças climáticas globais, bem como das novas configurações da
geopolítica e da economia internacionais, o continente voltou a ser um importante tema para a agenda da política externa de diversos países. O Brasil tem interesse em participar ativamente do processo de desenvolvimento do continente. Para além dos aspectos econômicos e geopolíticos, os laços históricos e as afinidades culturais decorrentes destes laços, aproximam os povos dos dois lados do Atlântico, e fazem com que os países africanos vejam o Brasil de forma diferenciada no contexto do Sul Global. Nesta mesa serão discutidos alguns dos impactos dos programas brasileiros de intercâmbio no cenário educacional caboverdiano e perspectivas sobre a ampliação e democratização das relações entre instituições dos dois países, bem como com outros países dos PALOP.
Mesa Redonda: A Universidade Voltada para Sua
Origem: Troca de experiências sobre ensino-aprendizagem em uma perspectiva
afro-centrada.
Prof. Dr.
Roberlaine Jorge (Reitor da UNIPAMPA e Coordenador do Fórum Negras Reitorias,
Brasil), Coordenador da Mesa Redonda.
Profa. Dra. Joana
Guimarães (Reitora da UFSB, Brasil), Palestrante.
Prof. Dr. José
Huco Monteiro (Diretor, Universidade Colinas de Boé, Guiné-Bissau),
Palestrante.
Prof. Dr. Hilton P. Silva (NEAB/CEAM/UNB, PPGA/UFPA, Brasil), Debatedor.
Resumo
A ideia de uma universidade voltada para sua origem enquanto produtora de conhecimentos sobre o conjunto do que consideramos ser o Universo, com perspectiva afro-centrada no
ensino-aprendizagem, é fundamental para lidar com diversos aspectos históricos,
sociais e culturais do mundo contemporâneo. A presença da cultura africana na
formação do Brasil, assim como em outras sociedades americanas, é uma
imensurável contribuição que precisa ser valorizada e estudada em profundidade.
Ao se concentrar na perspectiva afro-centrada, as universidades podem
enriquecer o aprendizado dos alunos e incentivar a compreensão das várias
culturas que coexistem na nossa sociedade, o que ajuda a desenvolver a
consciência da diversidade, da igualdade e da democracia. A valorização da
cultura africana, suas tradições, costumes e a contribuição para o pensamento
contemporâneo devem compor parte importante da formação universitária. Ademais,
ao considerar a perspectiva afro-centrada, a universidade mostra aos estudantes
e à sociedade que há grandes mudanças ocorrendo no mundo acadêmico, que tem
adaptado sua forma para lidar com as transformações culturais em curso e com o
enfrentamento do racismo, da xenofobia e outras formas de discriminação. A
valoração de aspectos que anteriormente eram ignorados pela universidade, tais
como o conhecimento por muitos anos ocultado pelo racismo estrutural,
impulsiona o fortalecimento das iniciativas que lutam contra as desigualdades.
Concluímos que a inclusão da perspectiva afro-centrada nas universidades é
essencial não somente para a comunidade negra, mas também para toda a
sociedade. A construção de uma academia que opere com a finalidade de valorizar
as culturas diversas é uma tarefa que exige cooperação de todos os campos do
conhecimento e células sociais.
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