Encontrado primeiro esqueleto completo no Cemitério dos Pretos Novos, no Rio de Janeiro
Encontrado esqueleto completo no Cemitério dos Pretos Novos
· 05/07/2017 12h29 Publicação
· Rio de Janeiro Localização
Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil*
Após sete meses de escavações, foi encontrado o primeiro esqueleto
inteiro no Cemitério dos Pretos Novos, sítio arqueológico descoberto em 1996 na
região portuária do Rio de Janeiro. No local, onde hoje funciona o Instituto de
Pesquisa e Memória dos Pretos Novos (IPN), eram jogados os corpos dos africanos
escravizados que morriam na travessia marítima para o Brasil.
As escavações ocorreram em uma área de 2 metros quadrados (m2) de
um dos poços de observação do cemitério. O
trabalho foi coordenado pelo arqueólogo Reinaldo Tavares, do Museu
Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os
pesquisadores identificaram que a ossada é de uma mulher que morreu com
aproximadamente 20 anos, no início do século 19, portanto, há cerca de 200
anos. O esqueleto encontrado no Cemitério dos Pretos Novos recebeu o nome de
Josefina Bakhita, em homenagem à primeira santa africana da Igreja Católica.
Tavares explica que o fato de ser uma mulher é surpreendente, pois
apenas 9% dos africanos escravizados trazidos para trabalharem no Brasil eram
do sexo feminino. Ele destaca que a posição em que ela foi encontrada,
entrelaçada a outros restos mortais, comprova a forma desumana com que os
africanos eram tratados. Os corpos eram empilhados e queimados sem proteção,
cuidado ou respeito. "O indivíduo passa a contar a sua história. Não são
somente ossos esparsos e quebrados, como até então havíamos encontrado. Agora
estamos encontrando os indivíduos. Isso é muito importante, porque, pela
primeira vez, estamos encontrando os africanos que chegaram ao Rio de
Janeiro".
O cemitério funcionou entre 1769 e 1830, quando foi desativado, e
ficou escondido até 1996, quando a proprietária da casa construída sobre ele,
Merced Guimarães, encontrou restos mortais durante uma reforma no imóvel.
"No início a gente achou que eram pessoas da casa que haviam sido
enterradas ali. Aí a gente ficou pensando [no que fazer] e fomos até o Centro
Cultural José Bonifácio [municipal, dedicado à preservação da cultura
afro-brasileira]. Lá eles falaram que aqui era o antigo cemitério dos
escravos".
A descoberta ocorre às vésperas da Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) anunciar se o Cais do Valongo,
também na região portuária do Rio, por onde se estima que tenham desembarcado
no país cerca de 1 milhão de africanos escravizados, receberá o título de
Patrimônio Mundial. O anúncio está previsto para ser feito no dia 7 ou 8 de
julho. O local já é registrado como sítio arqueológico nacional pelo Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Verba
Apesar de ser um dos principais pontos históricos relacionados à
história da diáspora africana, o trabalho do instituto está ameaçado pela falta
de verbas. De acordo com Merced, que dirige a entidade, o aporte de R$100 mil
solicitado à prefeitura foi negado. "Aqui tem que ter uma verba de
custeio, a prefeitura não tem isso, a não ser por lei. Quando passar de agosto,
não sei se a gente vai conseguir manter isso aqui aberto. Se não for o tempo
todo, vamos abrir pelo menos algum dia da semana. E sem luz".
De acordo com a Secretaria Municipal de Cultural, o IPN recebia
verba da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de
Janeiro (Cdurp), mas o acordo de repasse venceu em março. A secretaria informa
que, por enquanto, não há orçamento destinado ao instituto, mas que isso será
resolvido em breve com auxílio da prefeitura. Também será oferecida consultoria
para que o espaço se torne autossustentável.
Além disso, a secretaria explica que o IPN tem recebido apoio e
suporte da pasta para, por exemplo impressão de material e realização de
atividades no Centro Cultural José Bonifácio. O IPN também está envolvido no
projeto de territorialidade do Museu da Escravidão e da Liberdade [1],
a ser implantado na região portuária. A secretária de Cultura, Nilcemar
Nogueira, falou sobre o projeto [2] do
museu na semana passada.
*Colaborou Tâmara Freire, repórter do
Radiojornalismo EBC
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Antonio Carlos Moreira
Assessor de Imprensa
Museu Nacional/UFRJ
SERVIÇO
Museu Nacional/UFRJ
O primeiro museu do Brasil e a mais antiga
instituição científica de História Natural e Antropologia do País
Local: Quinta da Boa Vista – Bairro Imperial
de São Cristóvão – Rio de Janeiro -- RJ - Brasil
Aberto de terça a domingo, das 10 às 16 horas,
e as segundas das 12 às 16 horas
Ingressos: R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia)
Gratuidade: crianças até 5 anos e pessoas com
deficiência
Entrada gratuita, todos os
dias, a partir das 15 horas
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