A saúde humana em Caxiuanã
Pesquisa aponta condições sanitárias e qualidades das moradias das populações de Caxiuanã: verdadeiros catalisadores de doenças.
Criança em Caxiuanã |
Silvia de Souza Leão, Agência Museu Goeldi.
Saúde na Floresta
Hilton Silva, que é professor da Universidade Federal do Pará
(UFPA), do Programa de Pós- Graduação em Antropologia (PPGA) do Instituto de
Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) coordena um projeto desde 1997 sobre a
saúde, o crescimento e a evolução de doenças em populações ribeirinhas, que
entre outros, envolve os grupos de Caxiuanã. Para o professor, a riqueza de
Caxiuanã é incontestável. Atualmente, Hilton desenvolve projetos de análise do
crescimento populacional e da saúde das populações da Flona Caxiuanã e entorno
que já resultaram em diversas publicações e agora orienta a aluna de doutorado
Lígia Filgueiras, do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFPA.
Professor da UFPA mostra a importância da Estação Científica
Ferreira Penna para a pesquisa de campo e a saúde das populações ribeirinhas
que vivem dentro e no entorno da floresta
A Floresta
Nacional de Caxiuanã (Flona) é região que representa de forma significativa a
flora e fauna da Amazônia, mas também é terra de gente. Complexas pesquisas de
estudos de insetos, répteis e mosquitos foram realizadas para coletar
características do comportamento dos grupos que vivem nessa Unidade de
Conservação (UC) localizada entre os municípios de Portel e de Melgaço, no
Pará. Mas a Estação Científica Ferreira Penna (ECFPn), mantida pelo Museu
Paraense Emilio Goeldi (MPEG) na Flona, serviu de base para o desenvolvimento
de pesquisa relacionada à qualidade de vida da gente que vive na floresta.
“Considero
a Estação Científica Ferreira Penna (ECFPn) uma área de pesquisa de campo com a
melhor infraestrutura nas Américas”. Com essa afirmação, o
médico e bioantropólogo Hilton P. Silva, professor do Programa de Pós-Graduação
em Antropologia da Universidade Federal do Pará (UFPA) destaca a importância de
uma base de pesquisas em uma das principais áreas de conservação da Amazônia
Brasileira.
Segundo
Hilton Silva, a área conhecida como a Flona de Caxiuanã era ocupada populações indígenas
no passado. As populações ribeirinhas, originadas da mistura dos europeus,
índios e escravos africanos, hoje, moradoras
das proximidades da Estação Científica Ferreira Penna e dos municípios de
Portel e Melgaço são o público das suas pesquisas. O desconhecimento sobre as
populações da floresta foi o que levou Hilton a desenvolver a pesquisa. “Na
Amazônia, apesar da grande área ainda ser preservada (85%), a quantidade de
informações disponíveis sobre a biodiversidade e sobre as populações rurais
ainda é muito limitada”, destaca o professor.
Ao
redor da Estação existem três comunidades: o Laranjal, a Pedreira e Caxiuanã
com mais de 190 habitantes e com estrutura populacional que indica alto índice
de jovens. Hilton Silva, responsável por uma investigação dos aspectos sociais,
ecológicos, do estilo de vida e saúde dos residentes nas áreas de influência da
Flona de Caxiuanã, coletou diversos dados que mostraram como vivem esse
contingente populacional, qual a situação fundiária, e em que tipos de moradia
e condições sanitárias.
Menino em Caxiuanã - Foto: Hilton P. da Silva |
Vivendo na floresta
Pesquisa aponta condições sanitárias e qualidades das moradias das populações de Caxiuanã: verdadeiros catalisadores de doenças.
Moradia, saúde e saneamento em análise
Os
domicílios têm, em média, dois cômodos, não há eletricidade a não ser por umas
poucas casas que dispõem de painéis solares adquiridos através de um projeto do
Museu Paraense Emílio Goeldi, e todos os domicílios são de madeira, palha,
estuque ou uma combinação desses materiais, e cobertos de palha ou telhas de
barro”, descreve Hilton Silva, que é professor da Universidade Federal do Pará
(UFPA), em trabalho de investigação entre a interação dos seres humanos e o
meio ambiente da Amazônia.
Em
sua avaliação, a qualidade das moradias, o reduzido número de espaços privados
e a concentração populacional nas casas agem como catalisadores de doenças
contagiosas. “Conjuntivites, escabiose, pediculose, dermatoses, gripes e outras
doenças respiratórias agudas, e tuberculose, tendo sido afecções registradas
durante as pesquisas de campo”, destaca Hilton.
As
condições sanitárias também são consideradas precárias pelo professor. Apenas
7,1% das casas têm sanitários, que são externos, de madeira ou palha, e sobre
buracos escavados no chão, onde os dejetos são depositados sem tratamento. “A
totalidade das famílias da Flona usa água diretamente dos rios e igarapés,
locais para todos os usos diários. Ninguém usa qualquer tipo de tratamento para
a água consumida, e todo o lixo é queimado nos quintais, ou lançado nos rios”,
relata Hilton.
Para
o professor, essa situação favorece o desenvolvimento de doenças infecciosas e
parasitárias transmitidas pela água como diarréias de diversas origens,
amebíase, giardíase, cólera, hepatite, etc. “Apesar de casos de cólera não
terem ocorrido na região durante o trabalho de campo, foram registrados
hepatite e grande incidência de parasitoses intestinais na população estudada”.
Os
dados foram obtidos em levantamentos realizados para sua tese entre 2003 e 2005
em projetos voltados para a saúde e as interações entre os seres humanos e o
meio ambiente da Amazônia. A investigação apontou os tipos e os padrões de
moradia, as condições sanitárias, o número de pessoas por domicílio seus graus
de parentesco, situação educacional, ocupações, situação fundiária, tipos de
cultivos mais frequentes, insumos utilizados, renda doméstica, tipos de uso do
solo e condições ambientais da propriedade.
Hilton
destaca em artigo publicado em 2006 que são aproximadamente 206 pessoas que, à
época, viviam nessas comunidades, divididas em 35 famílias e 28 domicílios. Os
moradores da Flona são “posseiros”. Nenhum deles tem título de propriedade
oficial da terra, embora os moradores considerem que têm direitos adquiridos
pelo tempo de uso das áreas ocupadas, situação freqüentemente questionada pelo
então Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA), responsáveis pelas unidades de conservação brasileira, que passou a
jurisdição para o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio).
Olá, sou professora e preciso direcionar um trabalho com os alunos na escola sobre a evolução do homem segundo a antropologia, entendo que segundo os estudos da antropologia biológica. Sabem me informação se há alguma linha do tempo, material ou mesmo descrição da evolução do homem com esta visão?
ResponderExcluirObrigada, Aline.
Boa tarde, Aline!
ExcluirPerdoe a demora para responder.
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