"Antropologia: Uma Introdução"
MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zelia Maria Neves. Antropologia: uma introdução – 6 ed. – São Paulo: Atlas, 2005.
Resenha de Roseane Bittencourt Tavares (Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas Bacharelado – UFPA, Bolsista de Iniciação Científica do Laboratório de Estudos Bioantropológicos em Saúde e Ambiente –IFCH,UFPA).
A antropologia é a ciência da Humanidade, ou seja, ela estuda os seres humanos em seus diversos aspectos. Porém, para a compreensão do fenômeno Humano, faz-se necessário observar os aspectos sociais, culturais, biológicos e ambientais de nossa espécie; fazendo com que haja uma grande relação, através da antropologia, entre as ciências biológicas e as sociais. E por necessitar da colaboração de outras áreas do saber, a antropologia é considerada uma ciência polarizadora.
Podemos dizer então que o objeto de estudo da antropologia é o Homem e suas obras. Devemos considerar as formas ancestrais e atuais do homem e suas manifestações culturais. Para isso é necessário que se faça pesquisa de campo e não somente em laboratórios.
De acordo com as autoras, essa ciência pode ser dividida em dois grandes campos de estudo: a antropologia física ou biológica e a antropologia cultural. A primeira estuda a natureza física do homem e se subdivide em: Paleontologia Humana ou Paleoantropologia, a qual estuda a origem e evolução humana, através dos fósseis encontrados; a Somatologia, que estuda as variedades existentes do homem; a Antropometria, a qual fornece medidas do corpo humano; e os Estudos Comparativos do Crescimento, que é considerado uma ampliação da somatologia, só que relacionado a índices de crescimento, alimentação, exercícios físicos, entre outros.
Já a antropologia cultural estuda o homem como ser fazedor de cultura. Ela também se subdivide em Arqueologia, estudando as culturas do passado, através da busca de vestígios e restos materiais não perecíveis; a Etnografia, que tem a função de descrever as sociedades humanas através do conhecimento de sua cultura material e imaterial; a Etnologia, que analisa, interpreta e compara as mais diversas culturas existentes; a Linguística, que relaciona a variedade de línguas à variedade de culturas; o Folclore, que estuda a cultura espontânea dos grupos humanos; a Antropologia Social, a qual estuda as relações sociais entre os grupos humanos; e a Cultura e Personalidade, que analisa o fato do homem ser uma agente de mudança cultural, apesar de sofrer o processo de endoculturação.
A antropologia é considerada a mais jovem das ciências. Seu desenvolvimento dependeu do avanço do conhecimento de outras ciências. Por isso, embora ela seja autônoma, ele se relaciona com outras áreas através da troca de experiências e conhecimentos. Uma dessas ciências é a sociologia, pois ambas se auxiliam na compreensão do caráter global do homem, enquanto ser reunido e dependente da sociedade.
Já com a psicologia, a relação se baseia no interesse das duas ciências pelo comportamento humano, sendo a antropologia interessada no comportamento grupal e a psicologia, principalmente no comportamento individual. Com relação às ciências políticas e econômicas, a antropologia documenta numerosos sistemas de organização econômica e política existentes no planeta.
Sobre a origem, as autoras indicam que Heródoto é considerado o pai da antropologia, visto que no século V a.C, ele descreveu as culturas circundantes. A antropologia também teve apoio de missionários, cronistas, viajantes e soldados; porém só no século XVIII ela foi reconhecida como ciência a partir dos debates sobre a classificação de Lineu para os seres vivos e sua descrição das diferentes “raças” humanas. A publicação das obras sobre as teorias evolucionistas de Darwin, no século XIX, muito contribuíram para a sistematização do campo da antropologia.
Para a observação, análise classificação e interpretação de fenômenos e dados, o antropólogo se vale de diversos métodos e técnicas. O método histórico, por exemplo, investiga o passado na tentativa de entender o presente. Já o método estatístico, transforma os dados coletados em quantitativos, os quais serão representados em gráficos, tabelas e outros; podendo assim mostrar o significado do fenômeno.
O método etnográfico consiste em fazer levantamento de todos os dados possíveis sobre as sociedades. O método comparativo ou etnológico verifica diferenças e semelhanças entre os grupos. Existe também o método monográfico ou estudo de caso, que acontece quando o etnógrafo estuda profundamente determinada questão ou grupo humano. O método genealógico estuda o parentesco e suas implicações sociais. E por último, há o método funcionalista, que estuda as culturas a partir da funcionalidade de cada unidade cultural.
Com relação às técnicas, a antropologia física/biológica utiliza muito as técnicas de mensuração e datação. Já a antropologia cultural, desenvolve técnicas relacionadas à observação de campo. Essas observações podem ser feitas de forma sistemática, quando são feitas em determinado período de tempo, ou de forma participante, quando o pesquisador permanece no campo por muito tempo. A entrevista é outra técnica utilizada. Nela ocorre o contato direto do pesquisador e o entrevistado. Ela pode ser dirigida, ou seja, há um roteiro a ser seguido; ou não dirigida, também chamada de livre, que é mais informal. O uso de formulários também é outra técnica utilizada, sendo um conjunto de perguntas escritas organizadas que devem ser respondidas pelos entrevistados; porém é o próprio pesquisador que preenche o rol de perguntas.
A antropologia apresenta duas dimensões: a teórica, onde o antropólogo faz uma investigação pura; e a prática, onde ele desenvolve atividades práticas, trabalhando em prol de sociedades e grupos. Porém, para esta prática, é necessário que ele conheça três conceitos fundamentais: aculturação, que está relacionado ao contato entre os grupos de culturas diferentes; o relativismo cultural que permite ao observador ter uma visão objetiva das culturas, compreendendo e avaliando dentro dos próprios moldes e padrões dessas culturas e o etnocentrismo, que é a perspectiva de que sua cultura seja melhor ou superior a do outro. O trabalho do antropólogo deve sempre respeitar o Direito a Autonomia Tribal, pelo qual os grupos têm o direito de desenvolver sua cultura, e os Valores Culturais, respeitando as formas de agir e pensar diferentes.
A antropologia aplicada tem se tornado mais importante em períodos recentes. Sobre o colonialismo, por exemplo, há uma preocupação com a questão dos problemas gerados pelas situações de colonização, ou seja, com a introdução de outros valores culturais diferentes daqueles dos nativos. A antropologia também tem sido fundamental nos projetos de desenvolvimento, interfere ainda na questão das coexistências populacionais e xenofobia, e na industrialização, em relação à questão das relações trabalhistas.
Texto de Roseane Tavares
Foto de Hilton Pereira da Silva – Feita em 1990 – Comunidade Quilombola de Pacoval (Alenquer: Baixo Amazonas) enfrente à Igreja do local.
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