Ossos do ofício e olhares de uma bioantropóloga
Acervo SABMN/Lebios Fui contratada para ler esqueletos e descobrir suas histórias... Há exatos 30 anos, em 4 de setembro de 1990, foi aberta a Vala Clandestina do Cemitério de Perus, na Zona Noroeste da capital paulista, evidência de que durante a ditadura o local serviu para enterrar desconhecidos e vítimas do Esquadrão da Morte, além de desaparecidos políticos. Como bioantropóloga, participei do Grupo de Trabalho Perus, criado com o objetivo de identificar desaparecidos políticos que pudessem estar entre os cerca de 1500 esqueletos humanos que foram exumados nessa ocasião. Escavar, registrar a história, limpar cada remanescente ósseo são etapas importantes que caminham na contramão da política de apagamento e contribuem para a construção de uma memória coletiva sobre nossa ditadura, num exemplo prático do conhecido bordão “recordar para não repetir”. Aqui cabe uma expl...